A Rússia e os seus próprios problemas

Putin enfrenta neste momento uma recessão e vê o nível das suas reservas internacionais ser colocado sob ameaça.

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Vladimir Putin entrenta dificuldades na frente económica interna ALEXEY DRUZHININ/AFP

E se a Grécia não chegar a acordo com os seus parceiros da zona euro, a Rússia poderia ser realmente a alternativa para o país obter o financiamento de que precisa? Muito provavelmente não, por causa da situação difícil que a própria economia também enfrenta na actualidade e que não lhe dá uma margem de manobra confortável para realizar empréstimos volumosos a qualquer país.

Por muito interesse que Vladimir Putin possa ter em encontrar um aliado dentro da União Europeia, as necessidades de financiamento que a Grécia enfrenta neste momento são de tal ordem que podem ser mais do que aquilo que uma Rússia a atravessar também uma crise económica e financeira conseguiria suportar.

Durante os últimos meses, a economia russa tem sido alvo de vários choques negativos. O conflito na Ucrânia levou à aplicação pela Europa e pelos Estados Unidos de pesadas sanções, a descida do preço do petróleo tornou as principais exportações da Rússia bastante menos lucrativas e o anúncio de subida de taxas de juro pela Fed criou problemas às empresas russas que estão endividadas em dólares.

Tudo isto junto fez com que a economia russa esteja este ano a atravessar uma recessão acentuada, que a sua divisa tenha registado uma queda acentuada nos últimos meses e que o banco central russo tenha visto as suas reservas cambiais desaparecerem a um ritmo preocupante.

Muitos economistas duvidam que a Rússia, mesmo que quisesse, tivesse capacidade para realizar um grande empréstimos à Grécia sem colocar a sua própria estabilidade financeira em risco.

Para se ter uma ideia dos valores em causa, os empréstimos que a Grécia tem neste momento para pagar à troika atingem os 245 mil milhões de euros, o que é um valor muito próximo da totalidade das reservas internacionais da Rússia, que registaram uma quebra muito significativa durante os últimos meses.

Com a sua divisa ainda em risco, a última coisa a que Moscovo quer assistir é a uma continuada deterioração do nível das suas reservas.

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