Para Greenspan, a saída da Grécia do euro é “uma questão de tempo”

Ex-presidente da Reserva Federal do EUA pede maior integração política na moeda única. Washington pressiona UE.

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Alan Greenspan presidiu à Fed entre 1987 e 2006 MARK WILSON/AFP

Deixar cair a Grécia e negociar a sua saída da zona euro é um cenário que o antigo presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Alan Greenspan, considera inevitável.

Para o antigo responsável da autoridade monetária norte-americana, a questão que se coloca em cima da mesa é saber quando. Porque, antecipa, o desmembramento da moeda única é mesmo “uma questão de tempo”.

Em declarações à BBC Radio 4, Greenspan disse não acreditar que a renegociação do programa de resgate consiga resolver os problemas da Grécia, a braços com uma crise que o ex-presidente da Fed antevê ser de difícil resolução.

A BBC fez ao economista que liderou a Fed entre 1987 e 2006 a pergunta que nas últimas semanas voltou ao debate sobre o futuro da zona euro. Irá a Grécia deixar de ser membro do euro? “Acredito que irá sair, eventualmente. Não vejo que [estar na moeda única] os ajude, nem ao resto da zona euro — é uma questão de tempo até que todos reconheçam que a saída é a melhor estratégia”, vaticinou Greenspan.

Mas para explicar os problemas da zona euro, o antigo responsável da Fed vai além da Grécia. “O problema é que não há forma de eu conceber a continuidade do euro, a menos que todos os membros da zona euro se tornem politicamente integrados”, afirma, acrescentando que a integração, se for apenas orçamental, não resultará por si só.

O cenário de saída da Grécia do euro, que no pico da crise das dívidas soberanas chegou a ser admitido abertamente por Jörg Asmussen — então membro da comissão executiva do BCE e, agora, secretário de Estado do Trabalho no Governo alemão —, voltou a ser ventilada em Berlim antes das eleições legislativas na Grécia, com fontes do Governo de Angela Merkel citadas pela revista Der Spiegel a considerarem “inevitável” este cenário, caso o Syriza vencesse as legislativas, como veio a acontecer.

As declarações de Alan Greenspan são conhecidas na mesma altura em que a Administração Obama estará a pressionar os responsáveis da zona euro para que a União Europeia e o novo Governo grego aproximem posições e cheguem a um compromisso, escreve o Financial Times, que cita responsáveis norte-americanos e europeus.

Depois de o Presidente dos EUA se pronunciar sobre a situação grega na semana passada, em que pressionou a zona euro a aliviar a pressão sobre a Grécia, sabe-se agora que uma delegação do Departamento do Tesouro irá a Atenas. A presença de Daleep Singh, secretário para a Europa, foi vista como uma tentativa de mediação, uma leitura que responsáveis norte-americanos afastam.

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