Acabara de apresentar lucros de 50 milhões de euros quando lhe perguntaram, em tom de desafio, se não estaria na altura de pensar na sucessão. Juan José Hidalgo, hoje com 73 anos, não teve dúvidas na resposta: “Todo o pai deve deixar o que tem aos seus filhos”. Quando a conferência de imprensa terminou, não escondeu a frustração com o ângulo a que os jornalistas se agarraram. “Interessava-me mais que tivessem falado na modernização da Air Europa do que nos resultados”, desabafou.

O início de carreira deste empresário confunde-se com a sua infância. Primogénito de uma família numerosa de Salamaca, começou a trabalhar cedo, no cultivo da vinha, na compra e venda de peles, no bar e no salão de baile que pertencia aos pais, num talho, numa padaria e nos telégrafos. Aos 19 anos, emigrou para a Suíça, onde foi pedreiro, pintor e, mais tarde motorista. Foi nesta ocupação que lançou o primeiro negócio na área dos transportes, trazendo emigrantes de volta a Espanha.

O Mercedes evoluiu para um autocarro e o autocarro evoluiu para uma frota. E, em Janeiro de 1972, inaugurava a primeira agência de viagens, em Cáceres, que viria a ser a génese da Halcon, um dos maiores operadores do sector em Espanha. Mas nesse mês veria nascer ainda os primórdios dos seus investimentos na indústria da aviação, quando fretou o seu primeiro avião para transportar emigrantes. Mas só 20 anos depois apostou forte no sector, quando, à cabeça de um grupo de investidores, adquiriu a companhia Air Europa, que hoje detém 45 aviões e emprega cerca de 3000 pessoas.

O grupo que hoje lidera, a Globalia, tem quase 25 mil trabalhadores e, no exercício de 2013/2014, que terminou a 31 de Outubro, gerou receitas de 3800 milhões de euros, após um crescimento de 6%. A Air Europa foi responsável por 1800 milhões da facturação, mais 15% do que no período homólogo e transportou 9,6 milhões de passageiros.