Bruxelas confirma retoma da economia da zona euro e afasta riscos de deflação

Previsões para Portugal são avaliadas no decurso da 11.ª avaliação ao programa de resgate, que arrancou na semana passada.

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Adrian Dennis/AFP

Depois de dois anos seguidos de recessão económica (0,7% e 0,4%), a zona euro terá finalmente um crescimento positivo de 1,2% este ano e de 1,8% em 2015, o que representa nos dois casos uma melhoria de uma décima face ao que era esperado em Novembro. Por outro lado, Bruxelas afasta o risco de deflação que pesa sobre a zona euro.

Estes valores foram avançados nesta terça-feira pela Comissão Europeia, que concluiu que a recessão em Portugal foi menos acentuada em 2013 do que o esperado em Novembro: -1,6% em vez dos -1,8% previstos.

Bruxelas especifica, no entanto, que as suas previsões para Portugal só serão consolidadas no decurso do processo da 11.ª avaliação da execução do programa de assistência económica e financeira associado à ajuda externa que prossegue actualmente em Lisboa. Isso significa que as previsões avançadas agora para 2014 e 2015 – um crescimento positivo de 0,8% e de 1,5% respectivamente – são meras estimativas baseadas na anterior revisão do programa, em Dezembro.

Mesmo assim, Bruxelas confirma que o país teve um crescimento positivo nos últimos três trimestres de 2013 – 1,1%, 0,2% e 0% respectivamente – graças ao "sólido" crescimento do consumo privado e do investimento que mais do que compensou a quebra das exportações.

Bruxelas também prognostica que a criação de emprego permanecerá negativa este ano (-0,4). O emprego crescerá em 2015 apenas 0,4%, o que, segundo a Comissão Europeia, não será suficiente para baixar a taxa de desemprego, que será então de 16,5%, menos 3 décimas do que o previsto para este ano.

Bruxelas avisa, por outro lado, que a retoma em Portugal permanece muito dependente dos desenvolvimentos no resto da zona euro e, sobretudo, nos principais parceiros comerciais. A este respeito, as previsões para a Alemanha apontam para um crescimento de 1,8% este ano e de 2% no próximo. Para Espanha, os prognósticos são de 1% e de 1,7% nos dois anos. O Reino Unido, que não é membro do euro, terá, por seu lado, um crescimento de 2,5% e de 2,4% este ano e no próximo.

Os riscos que pesam sobre as previsões para Portugal são sobretudo negativos e têm a ver com o elevado nível do endividamento privado, que, segundo a Comissão, poderá afectar negativamente o consumo e o investimento. Outro factor de risco apontado por Bruxelas poderá resultar de um eventual impacto negativo nos mercados financeiros de possíveis  "incertezas" na aplicação das medidas de consolidação orçamental por parte dos responsáveis nacionais.

Bruxelas sublinha igualmente que as previsões para o défice orçamental também poderão estar em risco devido à contestação de algumas medidas-chave do Orçamento do Estado deste ano no Tribunal Constitucional. A execução orçamental enfrenta ainda outros riscos ligados ao "ambicioso pacote de reforma" do Estado prevista este ano e no próximo.

Entre os 18 países da zona euro, só Chipre e a Eslovénia estarão este ano ainda em recessão económica, com previsões de -4,8% e de -0,1% respectivamente. O maior crescimento económico é, em contrapartida, esperado na Estónia e na Eslováquia, ambos com 2,3%.

Segundo a Comissão, os principais riscos que pesam sobre a melhoria das suas previsões para a zona euro poderão resultar de "uma nova perda de confiança" que poderá resultar de uma eventual "estagnação das reformas ao nível nacional e europeu", o que "aumentaria as probabilidades de um crescimento fraco durante um longo período de tempo na Europa e teria consequências negativas sobre a actividade económica".

Em contrapartida, Bruxelas afasta o risco de deflação que pesa sobre a zona euro. Segundo afirma,  mesmo se "uma inflação excessivamente baixa durante um período de tempo prolongado na zona euro comportaria riscos para o reequilíbrio da economia (...), com o reforço progressivo da retoma e a recuperação da confiança, só existe uma probabilidade marginal de choques suficientemente importantes para invalidar as previsões para a inflação e fazer a UE entrar em deflação".

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