Os chamados credores oficiais vêm defender uma maior flexibilidade nos salários no sector privado, como forma de combater o desemprego. E neste capítulo estão em rota de colisão com o Governo e com os parceiros sociais. Ainda esta semana, a ministra das Finanças veio defender que o “sector privado já ajustou em termos salariais". Mesmo quem não tenha sofrido um corte no valor nominal do salário, como aconteceu na função pública, viu o seu rendimento baixar pela via do congelamento e da erosão provocada pela inflação e pelos impostos. Ainda ontem, o comissário europeu dos Assuntos Económicos veio dizer que os portugueses "já não vivem acima das suas possibilidades". Infelizmente, entre aquilo que dizem os responsáveis políticos da troika e o que fazem os técnicos no terreno ainda vai uma grande distância.