Reguladores norte-americanos estão longe de entender avarias no Dreamliner

Reguladores não chegaram a conclusões sobre as causas das avarias no Boeing 787. Investigação pode demorar semanas.

O Boeing 787 Dreamliner é tido como a jóia da coroa da Boeing pelos avanços tecnológicos
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O Boeing 787 Dreamliner é tido como a jóia da coroa da Boeing pelos avanços tecnológicos Stephen Brashear/AFP
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Os piores receios da Boeing parecem estar a concretizar-se: os investigadores norte-americanos consideram que as avarias do 787 fazem parte de “um problema muito grave”, mas não foram ainda capazes de perceber qual a razão por detrás delas.

Por isso, de acordo com as declarações de quinta-feira da presidente do regulador aéreo norte-americano, a investigação está no início e é muito cedo ainda para discutir o levantamento da ordem de suspensão de todos os voos de Boeing 787 Dreamliner.

“Ainda estamos no início da nossa investigação; temos muitas operações a desenvolver”, disse na quinta-feira Deborah Hersman, presidente do Comité Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (National Transportation Safety Board, NTSB), numa conferência de imprensa realizada para dar conta dos desenvolvimentos nas investigações das avarias a bordo dos Dreamliner.  

“Isto é um acontecimento sem precedentes. Estamos muito preocupados. Este é um problema muito grave de segurança aérea”, disse Hersman aos jornalistas, em Washington.

Este é o segundo comunicado por parte do NTSB sobre as avarias a bordo dos Dreamliner que aponta para problemas mais sérios do que o esperado. No domingo, os investigadores já haviam anunciado que as avarias nas baterias do 787 não se teriam ficado a dever a “sobrecarga”. Esta seria a justificação mais simples e também o palpite do regulador da aviação japonês, que desenvolve a sua própria investigação.

Quinta-feira marcou também a primeira semana desde que reguladores e operadores aéreos internacionais suspenderam os voos do Dreamliner, depois do terceiro incidente com este modelo em pouco mais de uma semana. Desde então, mais de 200 voos comerciais com o Boeing 787 tiveram de ser cancelados (ver infografia). As companhias mais afectadas são as japonesas All Nipon Airways (ANA) e a Japan Airlines, que concentram praticamente metade (24) dos 49 aviões em actividade.

O derradeiro incidente obrigou um aparelho que fazia um voo comercial no Japão a uma aterragem de emergência. Tal como acontecera na semana anterior, num outro caso que envolvia um 787 estacionado no aeroporto de Boston, nos EUA, cedo se chegou à conclusão de que teria sido novamente a bateria do Dreamliner a causa da avaria.

De acordo com a Reuters, Deborah Hersman tentou esquivar-se às perguntas directamente relacionadas com o tempo que ainda demoraria até se chegar a uma conclusão. Mas a presidente do NTSB deixou implícito que as investigações podem ainda durar semanas.

Uma interpretação que foi corroborada à Reuters por Mark Rosenker, antigo presidente do NTSB e antecessor de Deborah Hersman. Segundo o antigo responsável, estão em causa “semanas e não dias”.

Sem data à vista para que os “revolucionários” Dreamliner possam novamente levantar voo, as preocupações da construtora norte-americana agravam-se. Apenas 49 dos 848 Dreamliner encomendados se encontram no activo. Isto quer dizer que a Boeing tem de entregar ainda 799 aparelhos. Caso se agravem as perspectivas dos investidores, a empresa norte-americana pode perder encomendas e registar duros prejuízos.

Apesar dos incidentes das últimas semanas, as acções da Boeing encontram-se em alta desde que foram suspensos os voos do Dreamliner. Na bolsa norte-americana, as acções valorizaram 1,3% só na última semana, afirma a Reuters.

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