Movimento de Contestação às Portagens admite organizar novos protestos

Introdução de 15 novas portagens nas auto-estradas só irá agravar a crise, defende porta-voz do movimento.

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Daniel Rocha

O porta-voz do Movimento Conjunto de Contestação às Portagens, José Rui Ferreira, disse esta sexta-feira que as comissões de utentes estão indignadas com a possibilidade da introdução de mais portagens nas auto-estradas e admitiu organizar novos protestos.

Segundo avança hoje o Diário Económico, o Governo prepara-se para introduzir novas portagens, colocando 15 novos pórticos automáticos de cobrança nas auto-estradas nacionais, sobretudo do Norte de país e da Grande Lisboa.

Os jornais de hoje adiantam que a medida consta de um documento confidencial do executivo, entregue à troika em Novembro, durante a sexta avaliação do memorando de entendimento.

“A primeira reacção foi de surpresa, tendo em conta que ainda recentemente tínhamos sido penalizados pela retirada das isenções das primeiras viagens mensais e mais recentemente por um aumento de portagens superior a 2%”, adiantou à agência Lusa José Rui Ferreira.

“Caso se venha a concretizar [a introdução de novas portagens], é uma medida que vai agravar muitíssimo uma situação que já devia e merecia ser revista”, acrescentou.

O porta-voz do movimento lembrou que, no passado dia 5, as comissões de utentes de toda a região norte e centro estiveram reunidas em Viseu e, na altura, propuseram que fosse feito um estudo isento, sério e credível sobre o impacto real que a introdução de portagens estava a ter, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista financeiro.

“Na nossa opinião as quebras de tráfego eram de tal forma, o prejuízo para a economia era de tal ordem que, provavelmente, as receitas que estavam a ser arrecadadas nem de perto nem de longe compensaram as receitas que existiriam se a situação fosse outra”, salientou.

José Rui Ferreira realçou também a importância do envolvimento das comissões de utentes, autarcas e empresários das regiões afectadas no desencadeamento de medidas concertadas.

“Apesar de ainda se tratar de um estudo e não de uma medida concreta, é muito preocupante e parece que é mais uma estratégia deste Governo, quando pretende apresentar medidas gravosas, fazer-se preceder de estudos para dizer que não tem muito a ver com isto”, disse.

Na opinião do porta-voz do movimento, esta situação é muito grave e “perfeitamente disparatada” para algumas regiões do país.

“Por exemplo em Viana do Castelo – e também já acontece em Aveiro – a cidade vai ficar completamente cercada por portagens. Se antes disto a região tinha quebras da ordem dos 50% na hotelaria, com isto vai ser uma situação verdadeiramente dramática. Estas medidas só estão a acrescentar mais crise”, frisou.

Por isso, o Movimento Conjunto de Contestação às Portagens vai pedir uma reunião com todas as comissões de utentes e analisar a situação, admitindo que a concretizar-se possam vir a ser feitos protestos nas estradas tal como no passado.

De acordo com os jornais desta sexta-feira, a maior parte das portagens está pensada para as ex-SCUT do Norte Litoral, entre o Porto e Viana do Castelo, as do Grande Porto, nomeadamente o troço até Lousada, e as da Costa de Prata, entre Mira, no distrito de Aveiro, e o Porto.

O documento pondera também o regresso das portagens entre o Porto e a Maia, na A3, e a colocação de dois novos pórticos na A16, na Grande Lisboa, em Cascais e Sintra.

Com as novas portagens, o Governo espera um aumento das receitas entre os 47 milhões e os 70 milhões de euros anuais.

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