Armadores do Norte consideram novas quotas da pesca insuficientes

Associação critica a quota estabelecida para o tamboril.

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Nuno Oliveira

A Associação dos Armadores de Pesca do Norte (AAPN) considerou esta quinta-feira que, apesar do aumento global, as quotas de pesca para 2013 são “claramente insuficientes” face aos recursos disponíveis e às necessidades do sector.

Em declarações à Lusa, Duarte Sá, da AAPN, afirmou que o resultado alcançado esta madrugada em Bruxelas só “é bom se for tida em conta as propostas da Comissão Europeia”.

Após 15 horas de negociação, no final do conselho de ministros da tutela, Portugal viu a quota de bacalhau aumentar em 20%, para as 7783 toneladas, a pescada em 15%, para as 4224 toneladas e o carapau em 31%, para as 5319 toneladas.

A maior perda percentual registou-se no tamboril (-25%), tendo Portugal ficado com uma quota de 410 toneladas, nas raias, com -10%, para as 660 e no lagostim (-10%), para as 184 toneladas.

Duarte Sá criticou a quota estabelecida para o tamboril, afirmando que é preciso lembrar que foi “criado um período de interdição de captura desta espécie nos meses de Janeiro e Fevereiro e em Maio a quota esgotou”.

“É uma espécie cuja captura tem um peso importante num determinado segmento da nossa frota, para 2013 vamos ter uma redução da quota e isto significa que o Governo português vai ter que trabalhar no sentido de fazer o que já fez, que é conseguir alguma troca que nos permita manter a actividade durante mais algum tempo”, frisou o responsável.

Duarte Sá recordou que para ultrapassar este problema, Portugal negociou com Espanha uma permuta de 500 toneladas, o que permitiu resolver a situação.

Caso não seja encontrada uma solução para este problema, disse, o sector será “confrontado com o fecho da pescaria muito cedo”.

Para Duarte Sá, “esta é uma situação que se repete” anualmente.

“Estamos habituados a uma proposta da Comissão Europeia extraordinariamente negativa para o sector e depois as coisas atenuam em conselho de ministros, onde há uma maior ponderação. Do ano passado para este ano, no geral, a situação não se agravou, mas desde há 10-20 anos que temos vindo a perder quotas sucessivamente e o sector é que paga a factura”, concluiu.

O anúncio do aumento global das quotas de pesca foi feito de madrugada pela ministra das Pescas, Assunção Cristas.

“Pelo segundo ano consecutivo, temos um aumento nas nossas quotas”, realçou a ministra, lembrando que em 2012 as possibilidades de pesca de Portugal subiram, em média 6%.

Assunção Cristas disse ainda que a Comissão Europeia reconheceu que em Portugal se pratica pesca sustentável, “que respeita os pareceres científicos”.

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