Governo da Estónia garante que “euro não sobe preços” mas comerciantes denunciam inflação

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Houve preços arredondados por excesso para facilitar trocos Adriano Miranda/ arquivo

O euro subiu os preços na Estónia? Governo e banco central dizem que não e lançaram uma iniciativa para impedir que a moeda única inflacionasse os preços, mas os comerciantes e consumidores dizem o contrário.

Em meados de 2010, o Governo estónio lançou o “acordo dos preços justos”, uma iniciativa a que os comerciantes e empresários podem aderir voluntariamente, mas a que têm vínculo legal, comprometendo-se a não subir os preços por causa do euro.

De acordo com números do Consumer Policy Board da Estónia, a este acordo juntaram-se 526 empresas, o que corresponde a cerca de 25 por cento do total. Até agora, estes empresários que se juntaram a esta iniciativa têm cumprido o acordo: não aumentaram nem arredondaram os preços. Mas, nas principais ruas de Tallinn, quase todos os estabelecimentos comerciais optaram por não aderir ao “acordo dos preços justos”.

Kalle Tomingas, dono de uma loja no centro da cidade, arredondou os preços no seu estabelecimento. E arredondou para cima. Não quis aderir ao “acordo dos preços justos”, por considerar que este é um “acordo estranho”. “Este é um acordo estranho porque não podes subir os preços quando os teus produtores e distribuidores subirem os preços. Há alturas em que também tens de subir os preços”, justificou o proprietário de uma loja de produtos típicos do país.

Também Irina Petrova, funcionária de uma loja turística na capital, diz que, no seu estabelecimento, os preços foram arredondados por excesso “para facilitar os trocos”, o que, em geral, se verificou em vários produtos, “sobretudo nos bens alimentares”.

Tanto o Banco da Estónia, como o Consumer Policy Board e a Câmara do Comércio e Indústria da Estónia consideram que a introdução do euro foi “suave” e “bem sucedida”. Logo desde a meia-noite de 1 de Janeiro, os mais de 800 postos de multibanco do país dispensavam euros. Nos serviços de e.banking, os maiores bancos começaram a funcionar em pleno cerca das 3h00 do primeiro dia do ano.

Famílias perderam poupanças com saída do rublo

Uma das preocupações da população com a mudança da moeda prende-se com o receio de perderem dinheiro, à semelhança do que aconteceu em 1992, quando muitas famílias perderam as poupanças de uma vida inteira, depois de a Estónia ter abandonado o rublo soviético e adoptado a coroa estónia.

Para evitar estes receios, o Banco da Estónia garantiu que vai trocar sempre as notas e moedas de coroas estónias para euros. Além disso, até 1 de Julho todos os estabelecimentos comerciais têm de apresentar os preços nas duas moedas, tendo também sido definido um período de transição de duas semanas, em que as duas moedas circularam simultaneamente.

Katrin Kask, directora do departamento de comunicação do Banco da Estónia, diz que se optou por um período de apenas duas semanas porque “a moeda já existia” e, com o euro, as transacções são “mais fáceis e mais baratas”.

O Consumer Policy Board, que monitoriza o cumprimento do “acordo dos preços justos” pelos comerciantes e apoia os consumidores, considera que “as pessoas estão bem informadas”.

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