UGT recusa corte definitivo nas pensões

Carlos Silva diz que “não participará no esbulho" que o Governo está a preparar.

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Carlos Silva, secretário-geral da UGT. Nuno Ferreira Santos / Público

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirmou este sábado que a central sindical "não participará no esbulho" que "está a ser preparado contra os reformados e pensionistas" do país caso a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) passe de transitória a definitiva.

"A questão da CES é um roubo, um assalto. Retirar a CES e passá-la de transitória a definitiva é um esbulho", acusou Carlos Silva, em Ponta Delgada, durante o encerramento do II Congresso da UGP-Açores, que reelegeu Francisco Pimentel para secretário-geral na região.

O líder da UGT referia-se à intenção do Governo de substituir a CES por um mecanismo de ajustamento de pensões, dependente da demografia e da evolução da economia.

O secretário-geral da UGT lembrou, em declarações aos jornalistas, que os trabalhadores portugueses têm uma "altíssima carga fiscal", o mesmo se passando com "os reformados".

Para o secretário-geral da UGT, os reformados, pensionistas e os trabalhadores de uma forma geral "não mereciam este divórcio entre o discurso e a prática que o Governo pretende fazer passar de que o país está melhor e a crescer", quando "as medidas sentem-se no bolso e no espírito das pessoas".

"O Governo, ao vir agora afirmar que eventualmente poderá ponderar — atenção que já ouvi o senhor primeiro-ministro dizer que não está garantido — que a questão da CES passe de transitória e excepcional a definitiva, parece-nos realmente uma brincadeira de mau gosto", sustentou ainda.

Frisando que o salário mínimo nacional em Portugal "é o mais baixo de toda a zona euro", Carlos Silva voltou a insistir na sua actualização e apontou a situação dos trabalhadores portugueses com "carreiras congeladas" e "desvalorização dos salários", enquanto os compromissos das famílias "não baixaram".

"Não faz sentido continuarmos a manifestar disponibilidade para discutir, para dialogar e para irmos para a concertação quando, da parte do Governo, não há uma clara intenção, ou pelo menos uma total disponibilidade de abertura, para, no momento em que possamos discutir outras matérias, que o salário mínimo não seja implementado de imediato", disse.

Carlos Silva admitiu ainda que possam existir muitas pessoas "descrentes" em relação à força sindical, porque o Governo "destruiu" os direitos que os trabalhadores e reformados tinham" em Portugal.

"Se os direitos estão a ser mitigados, se há cortes de salários e pensões, se muitas destas matérias faziam parte da negociação colectiva, acordada entre as partes, que tinham força de lei, e agora o Governo nos últimos três anos alterou isto tudo, destruiu, arrasou o acervo de direitos que os trabalhadores, reformados e pensionistas tinham neste país, como é que as pessoas olham para os sindicatos?", questionou, apelando a "uma resposta colectiva" na luta para que os direitos dos trabalhadores "sejam repostos".

O secretário-geral da UGT acusou ainda o Governo de ter feito "uma clara opção: optou pelos mercados em detrimento das pessoas".

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