UGT no Porto: “Sem confiança, não haverá prosperidade económica”

Secretário-geral da UGT vai propor um novo aumento do salário mínimo nacional. O valor é, para já, desconhecido mas o objectivo é que entre em vigor a partir de Janeiro de 2016.

Fotogaleria
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, vai propor um novo aumento do salário mínimo nacional Nélson Garrido
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria
Fotogaleria

No Porto, se na Avenida dos Aliados membros da CGTP discursavam enquanto as pessoas se abrigavam debaixo de guarda-chuvas, no Palácio de Cristal foram centenas os celebraram o dia do trabalhador numa comemoração organizada pela União Geral de Trabalhadores (UGT).

Pessoas de todas as idades e partidos estiveram presentes e ouviram o discurso do secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que anunciou que, em Setembro, vai propor um novo aumento do salário mínimo nacional. O valor é, para já, desconhecido mas o objectivo é que entre em vigor a partir de Janeiro de 2016.

Carlos Silva lembrou que é extremamente importante não só “protestar e reivindicar mas também negociar”. Neste contexto, lembrou que foi através do acordo entre o Governo, as confederações patronais e a UGT que foi conseguido, recentemente, um aumento de 20 euros no salário mínimo – passando dos 485 euros para os 505. Foi uma pequena alteração mas, ainda assim, “um sinal importante”, admite.

“Trabalho e salários dignos”, pede Vítor Pereira, de 51 anos. Funcionário dos correios, acrescenta que a UGT foi “a única central sindical que realmente fez algo pelos trabalhadores”, referindo-se à negociação do código de trabalho. Também são os baixos salários que preocupam Maria José Leitão, uma professora de 51 anos que explica que é importante lembrar o 1.º de Maio como uma forma de “expressar o que vai na alma”.

Na área da educação, Fátima Loureiro lamenta que o ensino tenha “regredido nos últimos anos”. Esta professora do ensino básico e secundário tem 45 anos e aponta dois problemas principais: no primeiro ciclo, “as salas de aula têm alunos de anos diferentes” e, nos anos de escolaridade que se seguem, as turmas são “gigantes, com mais de 30 alunos”. Estas “medidas economicistas”, para além de darem emprego a cada vez menos professores, “impedem uma boa qualidade de ensino”.

E o que mais precisa de ser melhorado? Carolina Cardoso, 62 anos, responde assertivamente: “saúde, trabalho e justiça”. Encontra-se na pré-reforma e garante que a situação “não pode ser desta forma que está”. Apesar de no início da conversa estar calma, aumenta o tom quando repete por duas vezes que “só temos quem roube”. “Esta situação enerva-me”, justifica-se.

Portugal está a passar por uma “situação lamentável”, indica Manuel Pires, trabalhador por conta própria. Com 62 anos, preocupa-se com o “degradamento do país” mas prefere não se queixar a nível individual. “Os jovens sem futuro é que me preocupam”, explica. Carlos Silva, no seu discurso, não os esqueceu. Lembrou que muitos emigraram “a convite do poder político” e que, entre os que permaneceram no país, muitos “estão inscritos nos centros de emprego”. “Sem confiança, não haverá prosperidade económica”, alerta o secretário-geral da UGT.

É essa a confiança que falta a Mariana Reis, de 23 anos. Nunca teve um emprego certo e considera que “emigrar é uma hipótese cada vez mais real”. A precariedade laboral é firmemente recusada por Carlos Silva: “a UGT rejeita quaisquer alterações à legislação que abram a porta a uma maior flexibilização nos despedimentos, venha ela de onde vier”.

Protesto "constante"
Carlos Silva lembrou ainda que “as medidas devem ser tomadas fora do ruído das campanhas eleitorais” e que o Serviço Nacional de Saúde, “uma conquista de Abril”, tem sido um dos sectores mais prejudicados, algo que deve ser contrariado, parando o “capitalismo selvagem”.

Para que a situação do país melhore, diz, é preciso que o protesto seja “constante” e que as forças políticas, “em vez de fazerem promessas que não podem cumprir, passem a honrar a palavra dada”. Para o secretário-geral, “aqueles que acusaram a UGT de traição [nas negociações com o governo] são sempre os mesmos que nunca estão disponíveis para o consenso e para o compromisso”, duas atitudes “fundamentais” para Carlos Silva.

Carlos Silva lamenta que os “quatro anos de incontáveis sacrifícios” tenham levado a um “retrocesso das conquistas de Abril” mas confessa que tem uma “esperança redobrada” quando olha para o futuro.

Texto editado por Nuno Pacheco

Sugerir correcção
Ler 1 comentários