A balança comercial de bens e serviços manteve-se em terreno positivo no ano passado, suportada pelo crescimento do turismo. De acordo com os dados disponibilizados pelo boletim estatístico do Banco de Portugal, o défice no comércio de bens com o exterior foi de 10.565 milhões de euros, compensado pelo excedente dos serviços, que chegou aos 10.946 milhões de euros. Com estes dados, a balança comercial foi positiva em 381 milhões de euros, um valor muito abaixo dos 1300 milhões registados em 2013.

Dentro dos serviços, só duas áreas de negócios subiram: os transportes e as viagens e turismo, com a primeira a registar crescimento residual de 0,8%. De resto, todas as outras áreas de negócios encolheram no ano passado, com destaque para os serviços de manutenção e reparação (-30%, equivalente a 139 milhões de euros). Já as viagens e turismo subiram 12,4% para os 10.394 milhões de euros (mais 1144 milhões), com um saldo líquido (ou seja, incorporando as importações) de 7076 milhões de euros, uma subida de 15% face a 2013. Sem este crescimento expressivo do turismo, a balança comercial teria entrado em terreno negativo.

Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, sublinha que “o turismo pagou 80% do défice da balança comercial de 2014". Ou seja, o país teria de se endividar mais de sete mil milhões de euros para equilibrar as contas. Para o governante este é um dos "principais, se não o principal dos sectores exportadores de Portugal". Os bons resultados, diz, são fruto do trabalho do sector privado. “Quem transporta e aloja turistas, quem lhes presta serviços e vende bens e quem os motiva a voltar são as empresas do sector privado do turismo. São as empresas e os seus trabalhadores os grandes responsáveis pelo melhor ano turístico de sempre”, destaca.

No ano passado, o turismo conseguiu aumentar o seu peso nas exportações globais portuguesas e representa, agora, 14,6% das vendas nacionais ao estrangeiro (bens e serviços), um aumento de 1,24 pontos percentuais em comparação com 2013. Nos serviços, tem um peso de 45,5%.

Na hotelaria também se atingiram números recorde, com as dormidas e os proveitos a crescerem 11% e 12,8%, respectivamente. No total, registaram-se 46,1 milhões de dormidas em hotéis, pousadas, aldeamentos e apartamentos turísticos, 13,8 milhões das quais de turistas portugueses. Foi a primeira vez desde 2011 que a variação anual das dormidas dos residentes foi positiva. 

O Reino Unido continua a ser o principal mercado emissor (7,7 milhões de dormidas, mais 10,6% do que em 2013). Seguem-se Espanha, Alemanha e França.