Turismo recupera da crise com mercado interno a dar sinal de retoma

Proveitos da hotelaria voltaram a níveis de 2008 e as receitas turísticas vão atingir recorde. A fuga de turistas nacionais começou a inverter-se no final do ano passado.

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O Corvo tem a maior população de cagarros nos Açores PÚBLICO/Arquivo

Em queda desde 2011, o mercado interno começa a dar sinais de retoma no turismo. O ano passado fechou com um recuo de 0,9% nas dormidas de turistas nacionais, mas os últimos dois meses de 2013 já foram de crescimento, que chegou aos 7% em Novembro. O Governo espera que esta tendência se mantenha nos próximos meses, contribuindo a melhoria que se está a verificar nos resultados do sector, que estão a regressar aos níveis pré-crise.

Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, no ano passado, a hotelaria registou uma subida de 5,2% nas dormidas, que atingiram um total de 41,7 milhões. Este acréscimo foi integralmente suportado pelos hóspedes estrangeiros, que ao aumentarem em 8% o número de estadias em Portugal compensaram o recuo de 0,9% do mercado interno.

Este cenário tem vindo a repetir-se nos últimos três anos. Já em 2011 e 2012, a procura dos turistas nacionais tinha abrandado 3 e 8%, respectivamente. No entanto, os dados mostram que esta tendência poderá estar a inverter-se. Apesar de ter havido quedas em praticamente todos os meses do ano passado, Novembro e Dezembro fugiram à regra, com aumentos homólogos nas dormidas dos portugueses. Resta saber agora se este ciclo se manterá em 2014.

Ontem, numa conferência de imprensa no Ministério da Economia, o secretário de Estado do Turismo preferiu ser cauteloso, mas afirmou que “a expectativa é que as condições da economia possam permitir que [o mercado interno] continue a crescer”. Adolfo Mesquita Nunes acrescentou, porém, que “só a realidade poderá demonstrar” se essa expectativa se vai concretizar.

O encontro, que também contou com o presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, e com o ministro da Economia, António Pires de Lima, foi agendado para marcar o dia em que foram conhecidos os melhores resultados dos últimos anos. Ou, nas palavras deste último governante, para frisar que “nós [Portugal] somos bons e vale a pena acreditar nisso”.

Os dados do INE são, de facto, positivos, em termos de dormidas e de hóspedes na hotelaria. À excepção do Alentejo e do centro (com recuos ligeiros de 0,2 e de 0,1%), todas as restantes regiões acompanharam as subidas, com destaque para os Açores (10,4%), para a Madeira (8,5%) e para o norte (8,1%). No que diz respeito a estabelecimentos, o maior aumento ocorreu nos hotéis cinco estrelas, onde as estadias cresceram 18,8%.

Já no que diz respeito aos proveitos, os 1957,5 milhões de euros do ano passado ficaram próximos, mas ainda aquém dos alcançados antes da crise. Em 2008, as receitas chegavam aos 1964,6 milhões. As acentuadas quebras que se verificaram entre os dois períodos não poderão ser dissociadas das políticas de redução de preços a que a hotelaria recorreu para estancar a fuga de hóspedes. Uma realidade que o secretário de Estado não quis comentar, justificando-se com o facto de ser uma responsabilidade do sector privado. Por fim, Mesquita Nunes afirmou que “o Governo está ciente de que os preços poderiam subir ainda mais”.  

Em termos de exportações, 2013 também fechará com um contributo importante do turismo. As estatísticas divulgadas até ao momento pelo Banco de Portugal, para o período entre Janeiro e Novembro, revelam que as receitas do sector atingiram no acumulado 8578,3 milhões de euros, apenas menos 27,2 milhões de euros do que em todo o ano de 2012. O mês de Dezembro, cujos resultados estão por conhecer, assegurará, por isso, uma subida homóloga.

O ministro da Economia referiu que os números de 2013 revelam que “Portugal é um óptimo destino turístico, que tem um sector privado muito competitivo e que as alterações de fundo [feitas pelo Governo] estão a produzir resultados”, referindo-se a uma estratégia mais voltada para a venda do que para a promoção. Pires de Lima admitiu que estas subidas se devem, em parte, à instabilidade vivida em alguns dos países que competem directamente com Portugal no mercado turístico, como é o caso da Tunísia e do Egipto. “Aproveitámos melhor essa tensão”, disse.

O sector vale, actualmente, 45,5% das exportações de serviços e 13,6% das exportações globais. E as receitas turísticas têm vindo a aumentar o peso no Produto Interno Bruto (PIB) português, tendo representado 5,8% nos primeiros onze meses do ano passado, quando em 2008 davam um contributo de 4,3%.

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