Trabalhadores da Talaris decidem proposta de despedimentos na quarta-feira

Empresa que produz caixas para multibanco tenciona encerrar a linha de produção, que emprega 20 trabalhadores, e transferi-la para a China.

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Os trabalhadores da Talaris vão avaliar a proposta de indemnização superior aos valores legais apresentada nesta terça-feira pela empresa, para o despedimento de 37 pessoas, num plenário que se irá realizar na quarta-feira, disse à Lusa fonte sindical.

A multinacional da única fábrica da Europa a produzir caixas para multibanco (ATM), que tem 200 trabalhadores espalhados pelo país, tenciona encerrar as instalações em Sintra e transferir para a fábrica de Torres Vedras a logística e as áreas de apoio, como a manutenção.

Contudo, tenciona encerrar a linha de produção, que emprega 20 trabalhadores, e transferi-la para a China, e passar os departamentos de recursos humanos e o financeiro para Espanha. Com esta reestruturação, pretende avançar com um despedimento colectivo, dispensando 37 trabalhadores, parte dos quais da produção da fábrica.

A administração da Talaris e os representantes dos trabalhadores estiveram reunidos hoje na sede da empresa em Sintra e, de acordo com Paulo Ribeiro, dirigente do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI), a proposta apresentada hoje pela empresa será discutida na quarta-feira em plenário.

"A administração apresentou uma proposta de indemnização superior ao legalmente previsto. Propõem-se também a manter o seguro de saúde por mais um ano", afirmou.

Paulo Ribeiro reiterou a "desnecessidade destes despedimentos", adiantando que "os critérios que a administração encontrou" para justificar os despedimentos colectivos "são duvidosos".

O plenário dos trabalhadores irá realizar-se na quarta-feira, às 16h, em Torres Vedras.

A 1 de Abril, os trabalhadores da Talaris decidiram em plenário realizado em Torres Vedras avançar para várias formas de luta, entre as quais a greve, se a administração da empresa não recuar na decisão de despedimento colectivo.

"É um contra-senso quando a empresa está a pedir aos trabalhadores trabalho suplementar, porque os clientes não querem máquinas ATM fabricadas na China", sublinhou Paulo Ribeiro.

"A empresa tem resultados líquidos, exporta a maior parte da produção e está a usar a facilidade que existe em Portugal para fazer despedimentos colectivos para se deslocalizar", defendeu.

A empresa, que foi adquirida em 2012 pela multinacional japonesa Glory, teve em 2011 um volume de negócios de 26 milhões de euros e 429 mil euros de resultados líquidos positivos, que em 2010 tinham sido de 1,4 milhões de euros.

Dos 834 ATM fabricados, 700 foram para o mercado externo. Em Outubro, ganhou um concurso para assegurar o serviço para a Caixa Geral de Depósitos durante três a cinco anos.

 
 

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