Números da Star Alliance (Maio 2004)

-15 companhias aéreas (Air Canada, Air New Zealand, All Nippon, Asiana, Austrian Airlines Group, bmi british midland, LOT, Lufthansa, SAS, Singapore Airlines, Spanair, Thai Airways Internacional, United Airlines, US Airways, Varig)
-359,8 milhões de passageiros por ano
-14.048 partidas diárias
-278.258 trabalhadores
-132 países servidos
-755 aeroportos
-2477 aviões

TAP formaliza entrada na Star Alliance no dia 4 de Junho

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A companhia portuguesa terá que efectuar diversos ajustamentos para integrar a parceria Nelson Garrido/PÚBLICO

A entrada da TAP na Star Alliance vai ser oficializada no próximo dia 4 de Junho, durante a reunião dos dirigentes da maior aliança comercial de transporte aéreo, que se irá realizar em Singapura. A companhia aérea portuguesa recebeu o "sim" à sua admissão na parceria liderada pela congénere alemã Lufthansa no passado fim-de-semana, afirmou ontem ao PÚBLICO uma fonte ligada ao sector. Quanto aos responsáveis da transportadora portuguesa, escusaram-se a confirmar.

Em causa está uma aliança que conta hoje com 15 companhias aéreas espalhadas por todo o mundo - excepto o continente africano, que tem neste momento a SouthAfrican Airways em negociações com os membros da parceria. A última transportadora a ser oficialmente admitida foi a US Airways, que tem como área de influência a Costa Leste dos Estados Unidos. No fundo, as alianças funcionam como uma espécie de "tratado de Tordesilhas", especializando cada um dos seus membros em determinadas rotas de transporte aéreo.

Ora, a companhia portuguesa poderá ver-se obrigada a "afrouxar" a aposta num dos seus principais mercados, o Brasil, uma vez que as ligações entre a Europa e aquele país têm já uma transportadora dentro da Star Alliance. A Varig - que entrou na aliança no final de 1997, ano da sua fundação - tem como mercado preferencial as ligações aéreas entre a América Latina e a Europa.

A companhia brasileira "tem como área de actuação a América do Sul, através dos "hubs" (aeroportos que servem de plataforma para a ligação de voos) do Rio de Janeiro e de São Paulo", afirmou recentemente ao PÚBLICO o director da companhia brasileira para o mercado português. Mario Bruni acrescentou que a transportadora serve directamente vários pontos na Europa com ligação a destinos brasileiros, com destaque para o aeroporto alemão de Frankfurt, que é o "hub" europeu da aliança.

Questionado sobre a eventual entrada da TAP dentro da Star Alliance e a colisão de interesses entre as duas transportadoras, o mesmo responsável defendeu que a companhia portuguesa teria de deixar com a Varig a responsabilidade pelas ligações no Atlântico Sul.

A Varig e a espanhola Spanair (que tem como mercado preferencial a Península Ibérica) colocaram, aliás, dificuldades à entrada da TAP na Star Alliance, de acordo com uma fonte ligada ao sector. Outro mercado de aposta da companhia portuguesa tem sido o das ligações entre a Europa e os Palop (países africanos de língua oficial portuguesa), ligações essas que estão mal servidas dentro da aliança.

A Star Alliance detinha em 2002 a principal quota de mercado pertencente a uma aliança, com 22,2 por cento do número de passageiros a nível mundial, de acordo com dados avançados no "site" desta aliança, Seguiam-se a OneWorld (liderada pela British Airways), com 16,2 por cento do mercado, e a Skyteam (liderada pela Air France), com 14 por cento.

A companhia aérea portuguesa terá agora de realizar vários ajustamentos, como a compatibilização do sistema de reservas de voos e do programa de passageiros frequentes com as restantes transportadoras que fazem já parte da aliança. Estas parcerias entre companhias aéreas funcionam através de acordos comerciais, que incluem a partilha de meios de operação e de receitas em rotas voadas por mais do que uma transportadora e a compra conjunta de combustíveis e de outros serviços.

Dirigente da TAP prepara saída

Com a entrada da TAP na Star Alliance, o actual administrador-delegado da companhia aérea estará já a preparar a sua saída. Não são novidade as dificuldades no relacionamento entre Fernando Pinto, que lidera a equipa brasileira de gestores que assumiram a direcção da transportadora no final de 2000, e a nova equipa nomeada pelo actual Governo, dirigida por Cardoso e Cunha. Pelo que, agora que a companhia vai entrar numa aliança e apresentou resultados positivos, os gestores brasileiros estarão a preparar-se para deixar a transportadora. Curiosamente, tanto Fernando Pinto como os outros três gestores que vieram com o administrador-delegado do Brasil tinham saído há pouco tempo da Varig.

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