Ricardo Salgado ouvido pelo supervisor suíço sobre Banque Privée

Inquirição terá por base uma queixa-crime movida por um cliente contra a administração do banco suíço, em processo de liquidação. O Banque Privée Espírito Santo foi entretanto alienado à Compagnie Bancaire Helvétique.

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Ricardo Salgado foi ouvido no Parlamento pela comissão de inquérito ao BES Miguel Manso/Arquivo

Cerca de nove meses depois de ter iniciado o processo de insolvência do Banque Privée Espírito Santo, a FINMA, a autoridade de supervisão suíça, ouviu nesta quinta-feira o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, e vai chamar ochairman do GES, António Ricciardi, ambos administradores não executivos da instituição financeira.

As inquirições a Salgado decorreram desde o início da manhã e até ao final da tarde na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em Lisboa, no âmbito da cooperação internacional. Admite-se que Salgado possa regressar à CMVM amanhã.

Para além de Ricardo Salgado, outros membros da família, como António Ricciardi, de 93 anos, deverão ser ouvidos pela FINMA, que fiscaliza ainda a acção de José Manuel Espírito Santo Silva e de Manuel Espírito Santo Silva, que também ocuparam lugares na gestão do Banque Privée. Tudo indica que a autoridade suíça esteja a procurar apurar o papel da instituição na distribuição de títulos e de produtos financeiros do GES, ainda que o Diário Económico associe a inquirição a uma queixa-crime movida por um cliente contra a administração executiva e não executiva do banco suíço, apesar do supervisor (FINMA) não ter por competência investigar crimes.

O processo de “insolvência” contra o Banque Privée, iniciado em Setembro de 2014, foi desencadeado para proteger os depositantes devido ao "sobreendividamento" do banco em processo de liquidação voluntária desde Julho de 2014 (antes, para reforçar os fundos, o Banque Privée Espírito Santo alienou partes relevantes do portefólio dos seus clientes à Compagnie Bancaire Helvétique). Na altura, a FINMA admitiu haver "condições de reembolsar rapidamente e na totalidade os depósitos privilegiados aos seus clientes".

A decisão da administração e do accionista de controlo, o Grupo Espírito Santo, de avançar para a liquidação teve como consequência a reavaliação dos activos do Banque Privée, de modo a constituir um volume de provisões que permitisse responder aos custos e garantir a manutenção da operação. Na altura, em Setembro de 2014, a FINMA explicou que “o capital social do banco suíço já não era suficiente” e que recapitalizar a instituição com recurso aos seus accionistas também não era possível, dado que as empresas do GES estão insolventes. O gestor de insolvência pretende agora assegurar o pagamento dos depósitos até 100 mil francos suíços (cerca de 83 mil euros).

 

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