Shire perde 13 mil milhões em bolsa com recuo na fusão com a AbbVie

A AbbVie vai reanalisar a operação depois de a administração norte-americana ter anunciado alterações fiscais que a penalizam.

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As acções da farmacêutica britânica Shire desvalorizaram-se esta quarta-feira cerca de 13 mil milhões de dólares na bolsa de Londres, depois de a congénere norte-americana AbbVie, com quem estaria em vias de se fundir, ter revelado que estava a reequacionar o negócio.

Anunciada em Julho, a operação, de 55 mil milhões de dólares, tinha como principal objectivo permitir que a farmacêutica norte-americana reduzisse a sua factura fiscal, colocando em Londres da nova companhia a criar através da fusão.

Mas o anúncio recente, por parte do secretário norte-americano do Tesouro, Jack Lew, de que a administração vai apertar as regras para reduzir o campo de manobra da engenharia fiscal das grandes multinacionais, acabou por alterar os desejos da AbbVie.

Em consequência deste anúncio, as acções da Shire, que cotavam na terça-feira acima das 5,1 libras, caíram esta quarta-feira abaixo das 4 libras, o patamar em que se encontravam antes de ser formalizada a proposta de fusão.

O “parar para ver” imposto pela AbbVie apanhou os mercados de surpresa, tanto mais que o presidente executivo da companhia, depois das ameaças do secretário do Tesouro, tinha afirmado aos funcionários da companhia que estava “mais determinado do que nunca a seguir em frente com a operação”.

Richard Gonzalez acabou esta quarta-feira a subscrever um comunicado em que afirma que “a administração da AbbVie irá analisar, entre outras coisas, o impacto das alterações fiscais anunciadas pelo Departamento do Tesouro a 22 de Setembro”. O responsável anunciou que no dia 20 de Outubro, o conselho decidirá se retira a recomendação de venda que tinha feito aos investidores ou se modifica os seus termos.

Algo que não agrada gestão da Shire que defende que a proposta deve seguir em frente.

Os analistas afirmam que a AbbVie deverá aproveitar esta mudança de circunstância para, eventualmente, tentar baixar o preço que ofereceu pela congénere britânica, que é líder, nomeadamente, em medicamentos que combatem o défice de atenção em pessoas com hiperactividade.

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