PSI 20 vai encolher em 2014, apesar da entrada dos CTT

Novas regras para integrar o principal índice da Euronext Lisboa poderão ditar três saídas e apenas uma entrada. Política agressiva de dividendos pode dar alento aos CTT no início do ano.

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O presidente dos CTT, Francisco Lacerda, toca o sino que assinala a entrada dos correios em bolsa Miguel Manso

O principal índice da Bolsa portuguesa, o PSI 20, deverá encolher a partir de Março, apesar da entrada dos CTT. A alteração das regras de acesso ao benchmark (índice de referência) da bolsa nacional vai ditar a despromoção de várias cotadas e a promoção da última empresa a estrear-se em bolsa.

As novas regras colocam como critério mais relevante a percentagem de capital disperso, ou a capitalização bolsista ajustada ao free float. Para segundo plano é relegada a liquidez, ou quantidade de títulos negociados em bolsa.

Os CTT cumprem largamente o critério da capitalização bolsista dispersa, que é de 70% do total do capital social, dividido por mais de 25 mil accionistas, entre os quais apenas dois com participações qualificadas, o Goldman Sachs (4,998%) e o Deutsche Bank (2,04%). A capitalização bolsista da empresa, de 847,5 milhões de euros, também ultrapassa largamente o mínimo exigido, fixado em 100 milhões de euros.

Desde a estreia em bolsa, no início de Dezembro, a evolução dos títulos tem-se mantido estável, sem grande valorização face ao preço de venda fixado pelo executivo, feito no intervalo máximo de avaliação, a 5,52 euros.

O fecho da passada sexta-feira foi feito a 5,54 euros, dois cêntimos acima do valor de venda da oferta pública inicial, mas 6,10% abaixo da primeira cotação, feita a 5,90 euros por acção.

No entanto, a liquidez tem sido elevada. Com o dia de abertura, em que foram negociadas mais de 38 milhões de títulos, a média diária é de 3,9 milhões de acções. Sem o dia de estreia, em que o movimento ficou muito acima das restantes sessões, a média diária desce para 1,4 milhões de títulos.  

A liquidez deverá continuar interessante, pela política agressiva de dividendo prometida, num total de 60 milhões no próximo ano.

As novas regras de acesso ou permanência no PSI 20, a vigorar a partir da revisão anual de Março, e que têm ainda em conta os valores do próximo mês de Janeiro, deverão ditar algumas expulsões.

Os dados das últimas semanas mostram que há três empresas que não cumprem o critério da capitalização mínima. Neste momento, a REN apresenta uma capitalização bolsista de 84,4 milhões de euros, seguida da Sonae Indústria com 58,5 milhões de euros, e a Cofina com 40,4 milhões de euros. A este grupo ainda se poderá juntar a Sonaecom, que apresenta uma capitalização de 248,9 milhões de euros, mas que tem em curso operações que podem reduzir a sua capitalização e reduzir ainda mais a dispersão bolsista.

A empresa liderada por Ângelo Paupério anunciou no final de Outubro o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) voluntária sobre os 24,6% por cento do capital que estão nas mãos dos accionistas minoritários. O pedido de registo da oferta e o respectivo prospecto deram entrada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a 18 de Novembro.

Esta OPA parcial e voluntária, sem limite mínimo de aceitação, apresenta como contrapartida aos minoritários a entrega de 37.489.324 acções da Zon Optimus detidas directamente pela Sonaecom e um montante em dinheiro que pode ir até aos 2,45 euros por título, caso as acções não sejam suficientes.

A operação tem suscitado alguns pedidos de esclarecimento e fonte oficial da CMVM disse ao PÚBLICO que “ainda se encontra em fase de análise”. O seu calendário mantém-se por isso em aberto, não sendo certo se os resultados serão conhecidos antes ou depois da revisão do índice de referência. A expectativa da Sonaecom era ter o processo concluído entre o final de 2013 e o início de 2014.

Apesar de ter definido novas regras para o acesso ao principal índice, a NYSE Euronext salvaguarda que o principal índice terá de ter um mínimo de 18 títulos cotados, pelo que deverão sair apenas três empresas e entrará os CTT.

Na sua apresentação, a NYSE Euronext sustentou que as novas regras “visam aumentar a eficiência e atractividade do benchmark, em benefício dos utilizadores e das empresas cotadas na bolsa portuguesa".

"O principal objectivo das alterações apresentadas consiste em adaptar o índice de referência da bolsa nacional à evolução da estrutura dos mercados e aos desenvolvimentos particulares do mercado português, melhorando a sua atractividade enquanto instrumento de negociação", refere.

O que se pretende, revelou a NYSE Euronext, é "aumentar a estabilidade do índice e lidar com a fragmentação das transacções".

As novas regras impõem também um conjunto de novos requisitos às empresas cotadas que pretendam ascender ao PSI20, designadamente um mínimo de 100 milhões de euros de capitalização bolsista efectivamente dispersa (free float market capitalization) e um mínimo de 15% de dispersão do capital (free float).

No grupo Euronext, também sofreram alterações as regras do índice holandês AEX. com Raquel Almeida Correia

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