Previsões do Governo a partir de 2017 estão demasiado dependentes do exterior

Aviso é feito pelo Conselho das Finanças Públicas, que considera projecções de crescimento para este ano e o próximo “plausíveis”.

Foto
Liderado por Teodora Cardoso, o CFP diz que o PIB real cresceu entre 0,9% e 1% em 2014 Enric vives Rubio

As previsões para a evolução da economia nos próximos quatro anos são, até ao próximo ano, plausíveis, mas ficam demasiado dependentes de acontecimentos externos para o período entre 2017 e 2019, avisa o Conselho de Finanças Públicas (CFP).

No relatório de análise ao Programa de Estabilidade publicado pelo Governo na semana passada, a entidade encarregue de fiscalizar a evolução das contas públicas portuguesas avalia se o cenário macroeconómico traçado pelo Executivo é ou não credível.

O CFP, presidido por Teodora Cardoso, apresenta opiniões diferentes para o início e o fim do período de quatro anos a que corresponde o Programa de Estabilidade. Assim, em relação a 2015 e 2016, diz que as previsões macroeconómicas subjacentes à proposta do Governo “afiguram-se plausíveis”. O Governo antecipa, depois de um crescimento estimado de 1,6% este ano, uma aceleração para 2% em 2016.

Depois, para as previsões relativas ao período entre 2017 e 2019, anos para os quais o Governo antecipa um crescimento estável de 2,4%, o CFP está menos confiante, observando muitos riscos à sua concretização. O relatório de análise identifica riscos associados “às hipóteses retidas para a evolução da procura externa” e riscos relacionados com “a concretização das medidas de política interna compatíveis com a capacidade de resposta da economia a essa evolução”.

O CFP assinala que, em comparação com as previsões plurianuais anteriormente apresentadas pelo Governo, o crescimento agora previsto depende mais de um forte crescimento das exportações, o que faz com que a evolução do cenário macro esteja “dependente de factores e sujeita a choques não controláveis internamente, o que, além de aconselhar prudência nas previsões, supõe o acompanhamento constante da envolvente externa”.

O CFP analisa apenas nesta fase a credibilidade do cenário macroeconómico. No entanto, na eventualidade da sua não concretização, as metas orçamentais apresentadas pelo Governo, que apontam para um excedente orçamental em 2019 e uma descida da dívida para valores próximo de 100% do PIB, ficam também sob forte ameaça.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários