Previsão de crescimento inalterada, mas com balança externa menos positiva

O Banco de Portugal reviu em alta as suas previsões de crescimento do consumo, exportações e importações. No final, a estimativa para o PIB mantém-se e o excedente externo diminui.

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Entidade liderada por Carlos Costa prevê crescimento de 1,7% este ano Miguel Madeira

Um crescimento mais forte do que o esperado no consumo privado e nas exportações, mitigado pela aceleração registada nas importações, levaram a que o Banco de Portugal não realizasse quaisquer alterações na sua previsão de crescimento do PIB para este ano.

No boletim económico de Outubro, publicado nesta quarta-feira, o banco continua a estimar uma taxa de crescimento da economia portuguesa de 1,7% em 2015. Este valor é ligeiramente mais alto do que os 1,6% projectados pelo Governo em Maio e pelo Fundo Monetário Internacional já esta semana. A confirmar-se, este desempenho da economia constitui uma aceleração face ao crescimento de 0,9% registado em 2014.

Em relação ao ano passado, a análise do banco altera-se pouco: o consumo privado e o investimento aceleram, recuperando dos níveis muito baixos atingidos durante a crise, e puxam pelas importações, que voltam a crescer a um ritmo muito elevado. Em simultâneo, as exportações acompanham a evolução da procura externa, mantendo taxas de crescimento altas.

As projecções agora apresentadas, apesar do resultado total no PIB ser o mesmo, mostram algumas diferenças significativas face ao que tinha sido previsto pela autoridade monetária em Junho, no último boletim económico.

Em primeiro lugar, o consumo cresceu mais do que era estimado, passando de uma variação anual de 2,2% para 2,6%. Este resultado contribui decisivamente para que as importações também cresçam mais do que aquilo que era esperado em Junho. Agora a previsão é de 7,9% quando antes era de 5,7%. Um crescimento mais forte das importações tem um efeito negativo no PIB.

Pela positiva, as exportações também estão a crescer mais do que o projectado inicialmente, com o Banco de Portugal a rever a sua estimativa em alta de 4,8% para 6,1%.

Feitas as contas, o facto de o diferencial entre o ritmo de crescimento das importações e das exportações ter aumentado leva a que a previsão para o saldo comercial se tenha tornado também menos positiva. Em vez de um excedente de 2,1% do PIB na balança de bens e serviços, o banco central aponta agora para um excedente de 1,7%. O excedente total com o exterior também foi revisto de 3% do PIB para 2,3%.

O Banco de Portugal, contudo, defende que o padrão de crescimento a que neste momento se assiste na economia portuguesa é consistente com a manutenção de equilíbrios económicos fundamentais.

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