Presidente da Fed tenta acalmar receios sobre política de estímulos

Ben Bernanke foi ao Congresso defender política de estímulos dos EUA e acalmar receios sobre instabilidade nos mercados. E deixou um alerta: os cortes na despesa irão afectar a retoma económica.

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Bernanke Jason Reed/Reuters

Entre as incertezas sobre a retoma da maior economia mundial e os receios associados ao programa de estímulos dos EUA, o presidente da Reserva Federal (Fed), Ben Bernanke, procurou nesta terça-feira, convencer o Congresso da força e das vantagens da sua política de injecção de liquidez no sistema financeiro. Assumiu que há riscos associados ao programa de estímulos, mas contrapôs que os benefícios são superiores a isso.

Ouvido no Congresso no dia de apresentação do relatório bianual de política monetária, Bernanke procurou um equilíbrio entre aqueles que temem uma exposição da Fed ao risco, se esta continuar com a compra ilimitada de activos hipotecários, e aqueles que defendem a continuação do plano de apoio à economia real.

Entre as incertezas sobre a retoma da maior economia mundial e os receios associados ao programa de estímulos dos EUA, o presidente da Reserva Federal (Fed), Ben Bernanke, procurou ontem convencer o Senado da força e das vantagens da sua política de injecção de liquidez no sistema financeiro. Há riscos, mas os benefícios são superiores a isso, sustentou o responsável.

Ouvido no Congresso para apresentar o relatório bianual de política monetária, Bernanke procurou um equilíbrio entre aqueles que temem uma exposição da Fed ao risco, se esta continuar com a compra ilimitada de activos, e aqueles que defendem, como ele, a continuação do plano de apoio à economia real.

Bernanke mostrou-se mais preocupado com o eventual corte automático de despesa do Estado e as consequências que isso terá na retoma se, na sexta-feira (1 de Março), esse mecanismo for accionado — isto no caso de, nas próximas horas republicanos e democratas não chegarem a um acordo. Sem isso, o corte terá um impacto negativo de 0,6 pontos percentuais no crescimento.

Tudo o que Bernanke não quer são obstáculos ao caminho que diz estar a ser feito para estimular a retoma económica. E o corte na despesa seria um entrave à retoma e menor crescimento significará também menor redução do défice, advertiu os senadores.

Na actual conjuntura, apontou, os benefícios da compra de activos por parte da Fed (85 mil milhões de dólares por mês, cerca de 63,5 mil milhões de euros) e das outras medidas de política monetária “são evidentes”. E para haver uma retoma sustentada, é preciso suportar essa recuperação recorrendo a estímulos económicos, enfatizou.

O ritmo de crescimento económico continua a ser lento, mas o abrandamento no final do ano passado não parece reflectir o fim da retoma; e a “informação disponível” sugere que o crescimento acelerou de novo no início de 2013, acalmou. O compromisso da Fed mantém-se: enquanto o desemprego não melhorar de forma significativa (antes, a meta da Fed era ficar abaixo de 6,5%) e não houver uma retoma forte, a Fed não deitará por terra os seus estímulos económicos, estando, segundo Bernanke, os riscos de inflação controlados.

É a resposta aos receios que vieram a público na última semana, revelando as divisões no interior do comité de política monetária em relação à compra mensal de 45 mil milhões de dólares em títulos de dívida e de 40 mil milhões de títulos hipotecários.

Bernanke procurou matar as dúvidas: “A política seguida ajuda a reduzir os riscos de todo o sistema”, citou a agência financeira Bloomberg.

As taxas de juro de referência vão, ao mesmo tempo, manter-se baixas (próximas de zero), tal como estão desde Dezembro de 2008 em resposta à crise financeira internacional. Isso ajudou à recuperação do mercado de trabalho, ao aumento da produção e das vendas de bens duradouros, como automóveis, produzindo um efeito de estímulo na economia. Mas mantê-las muito baixas por um longo período de tempo pode reflectir-se na estabilidade do sistema financeiro, reconheceu.
 

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