Portugueses já gastaram 543 milhões de euros em raspadinhas este ano

Receitas do Euromilhões caíram 115 milhões entre Janeiro e Novembro, mas receitas totais vão atingir novo recorde este ano.

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Raspadinha vale um terço do total das receitas da SCML Daniel Rocha

O fenómeno da raspadinha compensou a queda registada em todos os outros jogos sociais explorados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Entre Janeiro e Novembro deste ano, de acordo com dados fornecidos ao PÚBLICO pela SCML, os portugueses gastaram 542,6 milhões de euros em raspadinhas, um aumento de 61% face a idêntico período do ano passado. Ou seja, apostou-se mais mais 205,3 milhões de euros.

Estes 543 milhões equivalem a um terço de todas as receitas angariadas com os jogos sociais (33,4%, contra os cerca de 22% de 2012), e mais do que compensou a descida de jogos como o Euromilhões.

Embora ainda seja o principal jogo explorado pela SCML, as receitas do Euromilhões caíram 114,8 milhões de euros (menos 11,8%) no período em análise. Mesmo assim, o jogo ainda representa 855 milhões, o equivalente a 53% do total dos jogos sociais, que chegaram aos 1624 milhões de euros de vendas brutas até Novembro.

Até ao final do ano, as vendas brutas vão chegar perto dos 1800 milhões de euros, ultrapassando assim o recorde atingido no ano passado (1729 milhões de euros, o que gerou um resultado líquido de 534,4 milhões). Do valor total, cerca de 5% cabem ao online e os restantes 95% ao canal tradicional de vendas.

Se a maior queda em números absolutos foi a do Euromilhões, a maior descida em termos percentuais coube ao Joker, que recuou 23,9% para os 38,3 milhões de euros (menos 12 milhões), seguindo-se o Totobola, que caiu 16,1% (quedando-se agora nos 9,2 milhões de euros). Já o Totoloto passou de 136,7 milhões para 117 milhões (menos 14,5%), mantendo-se como o terceiro jogo social mais significativo em termos de receitas. A lotaria clássica caiu 13,6%, para os 38,1 milhões entre Janeiro e Novembro, e a lotaria popular perdeu 1,8 milhões, com receitas de 23,6 milhões (menos 7,3%).

Por um lado, estes dados mostram que o jogo é pró-cíclico, acompanhando o cenário de crise, mas, ao mesmo tempo, evidenciam que há uma transferência de apostas, seja do jogo ilegal ou do legal, para a raspadinha (oficialmente designada como "lotaria instantânea"). Este jogo tem beneficiado também das novas modalidades "Pé-de-meia", que atribuem prémios mensais ao longo de vários anos.

De acordo com dados da SCML, parte da queda do Euromilhões também é explicada pelo facto de ter havido menos ciclos longos de jackpots este ano (logo, menos prémios de somas muito avultadas, que normalmente chamam mais apostadores). O número de registos de apostas, através dos boletins, não tem sofrido grandes oscilações, mas verifica-se uma descida do gasto médio por apostador. Em vez de preencher um boletim inteiro, por exemplo, faz menos apostas, reduzindo o gasto.

Por outro lado, tem-se verificado uma descida no valor dos prémios que ficam por reclamar. Em 2012, este montante foi de 13,9 milhões de euros, menos 1,2 milhões do que em 2011. Ao todo, foram distribuídos 946 milhões em prémios no ano passado. 
 
 

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