Portugal é o terceiro país europeu onde se vai gastar menos no Natal

Em 2007, os portugueses estimavam gastar na quadra natalícia 596 euros. Este ano, o orçamento apontado é de 393 euros.

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Miguel Manso

O orçamento disponível para comprar prendas, preparar a ceia e o almoço de Natal e sair para jantar com amigos para festejar a época é cada vez mais reduzido. A consultora Deloitte elabora anualmente um estudo sobre as intenções de gastos no Natal e, desde 2009, o montante global que os portugueses prevêem despender não pára de cair. Este ano, Portugal está mesmo entre as três economias da Europa Ocidental com menos dinheiro para gastar.

No total, são 393 euros, uma diferença de 2,3% face ao valor real de 2012. No entanto, comparando as expectativas apontadas no período homólogo de 2012 a queda é de 15%. O montante está longe dos 596 euros de 2007, um ano antes de ter estalado a crise financeira mundial. As festas natalícias também já tiveram mais luz em 2009, ano recorde em termos de intenções de gastos, quando os portugueses planearam gastar 620 euros e os salários na função pública foram aumentados. Desde então, os cortes têm-se sucedido.

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De acordo com o Xmas Survey, a que o PÚBLICO teve acesso, entre todos os países da Europa Ocidental, a perspectiva de gastos médios é de 450 euros, 36% dos quais destinados a comida e bebidas. A maior fatia, 38%, é gasta com presentes. Em Portugal, dos 393 euros de orçamento que se prevê gastar, 195 euros são para presentes, 144 euros para comida e bebidas e 55 euros são gastos em jantares festivos e actividades sociais.

Apenas cinco países pretendem travar o ímpeto consumista: além de Portugal, Irlanda, Grécia, Itália e França também prevêem gastar menos. Entre 15 economias da Europa Ocidental, Portugal é o terceiro país com o orçamento mais reduzido. Na Polónia, os festejos natalícios têm destinados 268 euros; segue-se a Holanda, com 286 euros previstos.

Apesar das estimativas de redução, há um clima de maior optimismo no inquérito da Deloitte. Nuno Netto, responsável pelo estudo em Portugal, adianta que os portugueses estão “muito mais realistas do que no ano passado, quando havia um desajustamento de expectativas”. “Provavelmente, o nível real de gastos será muito próximo do que é estimado”, disse. O “tom do estudo” é mais positivo, acrescenta.

Questionados sobre as razões que os levam a gastar menos, 51% dos portugueses respondem que a recessão económica continua e vai piorar (77% em 2012). Para 61%, os rendimentos líquidos caíram e 24% preferem poupar dinheiro porque temem perder o emprego. Ainda assim, a percentagem de portugueses que, por estar desempregado, vai reduzir o orçamento cresceu de 7% para 14%.

As promoções são o grande impulsionador do consumo. Em Portugal, 43% dos inquiridos compram porque está em promoção. Nuno Netto explica que esta é uma “verdadeira alteração de hábitos”. Assistimos a uma “gestão quase profissional” do acto de compra e a Internet serve, hoje, para comparar preços e ditar escolhas. “Embora haja ainda um longo caminho a percorrer no online, a nível de pesquisa e comparação já faz parte dos hábitos do processo de compra”, diz o responsável da Deloitte. Os consumidores usam as lojas físicas como uma espécie de mostruário onde podem testar e experimentar os produtos que compram, depois, online.

Dinheiro, o mais desejado
À semelhança de 2012, quem recebe mais presentes são as crianças (26% do orçamento vão para elas). Seguem-se os adultos da família e o marido ou mulher. Apenas três países do total dos 18 analisados não indicam o dinheiro como o presente preferido. Em Portugal, seis em cada dez pessoas preferem receber dinheiro no Natal. Seguem-se os livros, roupa e sapatos, viagens e tablets.

Quando vão às compras, 50% dos portugueses compram livros. Roupa e chocolates (prenda escolhida por 33% dos inquiridos) também estão nos lugares cimeiros da lista. Em 2007, um ano depois de ter estalado a crise financeira mundial, os portugueses indicavam roupa como o seu desejo de Natal, mas compravam, sobretudo, livros.

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