Portugal deve aproveitar "o grande talento técnico" e importar noutras áreas

Cláudia Azevedo, presidente executiva da Sonae IM, avisou os empreendedores para não se entusiasmarem demasiado e estarem focados no que estão a fazer.

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MIGUEL MANSO

Portugal tem o talento técnico, mas ainda faltam algumas peças no puzzle do ecossistema de empreendedorismo – o argumento é de Cláudia Azevedo, presidente executiva da Sonae IM (do grupo Sonae, dono do PÚBLICO), que defendeu nesta quinta-feira a necessidade de ir buscar fora outro tipo de competências.

“Acredito que temos grande talento técnico. Falamos um inglês bom, melhor do que em muitos países”, observou Cláudia Azevedo, na abertura do Pixels Camp, um evento tecnológico de três dias, que decorre até sábado, em Lisboa. “De alguma forma, neste ecossistema, temos de pegar no grande talento técnico e importar talento noutras áreas”, acrescentou, referindo-se a questões como o marketing e vendas. “É uma das coisas fundamentais que julgo estar a faltar”, disse, numa apresentação em inglês.

Na sessão de abertura – e perante uma plateia maioritariamente técnica que passará dois dias numa maratona de programação informática – Cláudia Azevedo deixou alguns conselhos para empreendedores: “Passo metade do meu tempo em reuniões com pessoas a dizer-lhes ‘não, não podem fazer isso’. Foco é essencial para o crescimento”, defendeu. Observou ainda já se ter deparado com empreendedores que têm apenas uma ideia e querem um investimento avultado da Sonae. “Duas pessoas saem da universidade, dizem que a ideia é brilhante e que a Sonae tem de pagar dois milhões por ela. Cinco anos depois, voltam e dizem que vendem por 100 mil euros, porque a vida é muito difícil”, resumiu a gestora.  

Nos últimos anos, Portugal tem vindo a ganhar destaque no mapa do empreendedorismo, com um ecossistema a crescer, algumas startups de grande dimensão, uma série de políticas públicas que já vêm da anterior legislatura e com a decisão da Web Summit de se estabelecer em Lisboa durante três anos. Cláudia Azevedo disse ver com bons olhos a actual situação do país, afirmando que há uma mudança geracional. “Nunca estivemos tão bem posicionados como hoje. Há muitas coisas a acontecer em Portugal”.

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