Portugal coloca 925 milhões de dívida de curto prazo com juros menores

Taxas de juro das obrigações a dez anos mantêm-se abaixo dos 4%.

Foto
João Moreira Rato, presidente do IGCP, disse que a almofada financeira prevista para 2014 é de sete mil milhões de euros João Moreira Rato passou do IGCP para a administração financeira do Novo Banco

Portugal colocou nesta quarta-feira 925 milhões de euros em bilhetes de Tesouro (BT) a 12 meses à taxa de 0,597%, inferior à de 0,602% paga no anterior leilão para esta maturidade, a 19 de Março.

Além dos BT a 12 meses (dívida de curto prazo), Portugal colocou 325 milhões de euros a nove meses à taxa de 0,487%, não havendo, contudo, um leilão recente nesta maturidade para comparar o nível da taxa de juro.

Segundo a página oficial do IGCP, agência que gere a dívida portuguesa, foram colocados 925 milhões de euros a 12 meses a uma taxa de 0,597% e a procura atingiu 1455 milhões de euros, 1,57 vezes superior ao montante colocado.

Para a emissão de BT a nove meses, a procura atingiu 1325 milhões de euros, ou seja, 4,08 vezes superior ao montante colocado.

No anterior leilão de BT a 12 meses, realizado a 19 de Março, foram colocados 930 milhões de euros de BT a uma taxa de juro de 0,602%, inferior à de 0,751% praticada no leilão precedente de 19 de Fevereiro.

A 19 de Março, a procura dos BT a 12 meses atingiu 1560 milhões de euros, ou seja, foi 1,68 vezes superior ao montante colocado.

O IGCP tinha anunciado a realização destes dois leilões de dívida de curto prazo com o objectivo de se financiar num montante entre mil e 1250 milhões de euros.

Numa nota enviada às redacções, Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, destaca que “o maior impacto directo desta descida de taxas há-de verificar-se nas taxas da dívida das empresas, o que já tem vindo a acontecer”. “Taxas mais baixas na dívida soberana implicam taxas mais baixas na economia real, o que é sempre positivo.” O gestor destaca que esse efeito é directo, pois “há uma espécie de indexação entre a dívida pública e a privada”.

Por outro lado, diz Filipe Silva, “em termos europeus o binómio risco/retorno da dívida de curto prazo portuguesa é dos mais atractivos. A Alemanha paga 0,10% pela dívida a nove meses. Portugal paga 0,48%, o que atrai mais interessados em investir” na dívida da República portuguesa.

Esta colocação de dívida ocorre numa altura em que o IGCP está a preparar um leilão de obrigações do Tesouro (dívida de longo prazo), desta vez sem o apoio de um sindicato bancário.

No mercado secundário (onde os investidores vendem e compram os títulos de dívida soberana), as taxas de referência, a dez anos, estavam nos 3,779% pelas 11h desta quarta-feira, de acordo com os dados da Reuters, abaixo dos 3,869% de ontem. Desde o dia 2 de Abril, as taxas a dez anos têm estado abaixo dos 4%.   

Sugerir correcção
Comentar