Pires de Lima considera "insustentável" actual carga fiscal sobre trabalhadores e empresas

Na opinião do dirigente da Unicer, é urgente “reduzir os impostos não só sobre as empresas, mas também sobre as pessoas".

Foto
António Pires de Lima, presidente da Unicer Carlos Lopes

O presidente executivo da Unicer e líder do conselho nacional do CDS-PP, António Pires de Lima, considerou nesta segunda-feira “insustentável” a actual carga fiscal sobre os trabalhadores e empresas e defendeu a redução dos impostos para lucros reinvestidos.

“A melhor forma de beneficiar as empresas que investem em Portugal é [ter] uma consideração muito especial e muito beneficiada sobre a parcela de lucros que decidem não distribuir aos accionistas, mas reinvestir na sua própria actividade”, afirmou Pires de Lima à margem de uma visita do presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, à nova fábrica da Unicer em Leça do Balio.

A este propósito, o empresário e presidente do conselho nacional do CDS-PP disse aguardar “com muita expectativa” as conclusões da comissão nomeada pelo Governo para estudar a reforma do imposto sobre as empresas (IRC), liderada pelo também centrista Lobo Xavier.

“Acho que temos que passar definitivamente, em Portugal, para uma fase de investimento e crescimento económico, não podemos continuar a massacrar-nos com um discurso que assenta a salvação do país unicamente na austeridade. Ela tem um papel, mas chegámos a uma fase decisiva em que temos que apostar no crescimento, e não há crescimento sem investimento”, sustentou.

Para Pires de Lima, “é preciso uma legislação geral previsível do ponto de vista fiscal, que seja amiga do investimento”, e há que “negociar alguns investimentos novos de uma forma directa, através de incentivos específicos”. “É preciso todo um pacote que tem de ser estudado de uma forma integrada, não pode ser uma medida avulsa, e penso que é isso que está a acontecer neste momento, através desta comissão liderada pelo dr. Lobo Xavier. Vamos ver que conclusões apresenta e que discussão merece por parte dos agentes políticos portugueses”, afirmou.

Na opinião do dirigente centrista, é urgente “reduzir os impostos não só sobre as empresas, mas também sobre as pessoas que trabalham, porque a carga fiscal que hoje incide sobre as pessoas que vivem do seu trabalho é insustentável e só se pode aguentar num período curto de tempo”.

Também necessário, defendeu, é que a diplomacia portuguesa tenha um “papel activo” na criação de um “modelo político europeu que seja menos de curto prazo e de horizontes mais largos e que permita, nomeadamente aos países do Norte da Europa, terem apostas de investimento mais afirmativas nos países do Sul da Europa”

“Se fomos capazes de salvar o euro o ano passado, com um conjunto de medidas inteligentes do ponto de vista financeiro, é tempo de os políticos assumirem a sua responsabilidade, porque, se esta situação social se mantiver durante muito tempo, o futuro do euro pode estar em perigo sério, não por motivos estritamente financeiros, mas por sérias convulsões sociais e políticas”, previu.
 
 

Sugerir correcção
Comentar