Ex-ministro das Finanças grego vai ser ouvido sobre lista Lagarde

George Papaconstantinou será ouvido pela Justiça grega para responder a acusações de ter manipulado a lista com nomes de suspeitos de fuga aos impostos.

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O ex-ministro das Finanças foi ouvido no Parlamento, onde reiterou a sua inocência Giannis Liakos/Reuters

Os deputados gregos decidiram que o ex-ministro das Finanças Giorgos Papaconstantinou será ouvido para responder às acusações de ter manipulado a apelidada "lista Lagarde". A votação parlamentar teve início na noite-de quinta-feira, mas os resultados só foram conhecidos de madrugada.

O ministro das Finanças do anterior Governo socialista do Pasok é acusado de ter modificado a lista de cerca de 2000 nomes de gregos com depósitos avultados no banco suíço HSBC, suspeitos de haverem fugido aos impostos. Papaconstantinou é ainda acusado de ter retirado três nomes de familiares seus envolvidos no caso e de não ter investigado os citados na lista, enquanto estava no poder.

A votação no Parlamento foi num só sentido. Dos 300 deputados gregos, 265 votaram a favor de Papaconstantinou ser questionado em relação à "lista Lagarde", escreve o jornal grego kathimerini. Mas os deputados recusaram ouvir o sucessor de Papaconstantinou e actual líder do Pasok, Evangelos Venizelos, assim como os antigos primeiro-ministros George Papandreou e Lucas Papademos.

Os 124 deputados que quiseram ouvir Venizelos não chegaram à maioria necessária. Para Papandreou ser questionado votaram apenas 80 dos 300 deputados e, para Lucas Papademos, 63.

Durante a sessão parlamentar, George Papaconstantinou afirmou que estava a ser vítima de uma “crassa e mediática tentativa de incriminação”. Sobre as acusações o ex-ministro das Finanças socialista disse que nunca tinha alterado a "lista Lagarde" e que nem teria motivos  para retirar os nomes dos três familiares, escreve o kathimerini.

O escândalo da "lista Lagarde" - assim chamada por ter sido elaborada por Christine Lagarde enquanto esta era ministra das Finanças francesa – chegou a público no final de 2012, altura em que um jornalista divulgou publicamente os nomes dos envolvidos. O antigo Governo socialista surgiu imediatamente no foco das críticas.

Christine Lagarde teria entregado a lista ao Governo grego em 2010, mas o Pasok terá optado então por não actuar. Os líderes socialistas afirmam agora que perderam a lista que Lagarde lhes transmitira, escreve a BBC.

George Papaconstantinou será alvo de um inquérito preliminar. Durante esta fase, um comité de 16 delegados avaliará a hipótese de o Estado avançar com uma acusação criminal sobre o ex-ministro das Finanças.

Os resultados do inquérito são em seguida entregues ao Parlamento, que terá de ir a votos para decidir se será levantada a imunidade política de Papaconstantinou e de outros políticos que estejam eventualmente envolvidos numa acusação formal.

A votação da noite de quarta-feira no Parlamento ficou marcada por discussões sobre a modalidade de entrega dos boletins de voto e por dissensões entre os deputados do Pasok (agora na oposição) e a bancada da coligação de esquerda Syriza.

O líder do movimento de extrema-esquerda, Alexis Tsipras, acusou Evangelos Venizelos de se ter esquivado às suas responsabilidades políticas por não ter investigado a lista enquanto era ministro das Finanças. Já o agora líder do Pasok afirmou que Alexis Tsipras queria apenas capitalizar politicamente com as acusações.

 
 
 

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