Parceiros sociais duvidam de metas dos programas Nacional de Reformas e de Estabilidade

Programas foram abordados em sede de concertação social.

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"Não podemos ter demasiado optimismo porque isso traz frustração", afirmou o responsável da CIP, António Saraiva Miguel Manso

Os parceiros sociais manifestaram esta quinta-feira as suas reservas quanto ao cumprimento das metas traçadas no Programa Nacional de Reformas (PNR) e no Programa de Estabilidade (PE) e defenderam que o Governo não pode ceder às pressões de Bruxelas. "As regras comunitárias estão cada vez mais desadequadas da realidade de países como Portugal, há que olhar e reformar a Europa porque a Europa em que Portugal entrou em 1986 não tem nada a ver com o que hoje existe, e a União Europeia não pode ter dois pesos nem duas medidas e temos de ser mais exigentes em relação a políticas europeias que condicionem as nossas possibilidades de crescimento", disse o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva.

O líder da confederação patronal falava aos jornalistas no final de uma reunião, em sede de concertação social, destinada a discutir com o Governo os programas Nacional de Reformas e de Estabilidade. António Saraiva saiu deste encontro com a mesma posição assumida à entrada, segundo a qual o Governo está a ser demasiado optimista nas metas traçadas, apelando a algum realismo. "Temos de ser optimistas, mas não podemos ter demasiado optimismo porque isso traz frustração. Temos de ser realistas", disse o responsável, reforçando que "as metas devem ser alcançáveis".

Também a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) manifestou algum cepticismo em relação aos objectivos traçados nos dois documentos, considerando que estes foram elaborados para agradar a Bruxelas.
"Somos algo cépticos em relação às metas, na justa medida em que há um desfasamento entre as metas e a execução dos programas. Achamos que os documentos estão formatados para que sejam aceites em Bruxelas, isto é, o Governo formatou os documentos para que se aproximem das posições defendidas pelas instituições comunitárias, mas temos algumas dúvidas em relação à realização", afirmou Vasco Mello, da CCP.

Do lado das centrais sindicais, a presidente da UGT referiu que o Governo está a ser demasiado "optimista" e apresentou metas "demasiado ambiciosas". "O ambicioso é bom se for realista [...] Esperemos que Bruxelas veja a realidade portuguesa porque não pode olhar para este programa de uma forma cega", declarou Lucinda Dâmaso.

Por último, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, defendeu que "o Governo deve bater o pé a Bruxelas" e aplicar em Portugal medidas que promovam o crescimento e o emprego. "Enquanto o Governo não tomar uma posição mais firme face à União Europeia, impede o país de se desenvolver", referiu o líder da Inter.

O Programa de Estabilidade (2016/2020), que terá ainda de passar pelo crivo das instituições europeias, em maio, aponta em linhas gerais para um défice de 1,4% em 2017, descendo para 0,2% em 2019, até se atingir um saldo positivo de 0,4% em 2020; e para um crescimento de 1,8% em 2017, subindo para 1,9% em 2018 e para dois por cento em 2020.

Já o Programa Nacional de Reformas delineado pelo Governo envolve até 2020 um conjunto de investimentos na ordem dos 25 mil milhões de euros, a maioria desta verba proveniente de fundos comunitários e 6,7 mil milhões de euros de comparticipação nacional.

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