Os alarmes só vão soar na Galp abaixo dos 40 dólares

Investimentos no Brasil têm retorno com barril entre 35 e 40 dólares. Descida do crude favorece actividade de refinação.

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Paulo Ricca

É nos projectos do pré-sal brasileiro que a Galp aposta todas as fichas para libertar a breve trecho os recursos para financiar os seus investimentos. E é para o Brasil que a petrolífera quer canalizar a maior fatia dos cerca de oito mil milhões de euros que programou investir até 2018. Vai o preço do crude influenciar esse plano? Os principais projectos de exploração e produção de petróleo da Galp “têm o seu break-even económico a cotações inferiores às actuais”, assegurou ao PÚBLICO fonte oficial da empresa. São projectos de “muito longo prazo” e “é nessa óptica que são avaliados”.

Em Outubro, o presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, reafirmou que os investimentos no projecto Lula (que já começou a gerar receitas e onde a Galp está em parceria com a Petrobrás) têm um preço de break-even entre 35 e 40 dólares por barril.

Mas se a pergunta de um milhão de dólares é até onde vão descer os preços (há quem fale em 30 dólares), a outra que se impõe é por quanto tempo permanecerão baixos. Porque ainda que a rentabilidade esteja assegurada, os lucros descem. E, num cenário de baixa continuada, os analistas questionam-se até que ponto as empresas conseguirão manter os níveis de investimento e os respectivos planos de remuneração accionista.

O facto de a Galp “estar presente em todos os elos da cadeia de valor” é um factor que “contribui para a estabilização dos resultados”, lembra fonte da empresa. À semelhança do que se verificou no terceiro trimestre, é expectável que as margens de refinação – a diferença entre o valor de mercado dos produtos refinados e os custos de produção e matéria-prima –se reflictam positivamente nos resultados da Galp. E que a descida dos preços dos combustíveis possa favorecer a recuperação do consumo.

Com uma estratégia assente no reforço da produção de petróleo, a empresa considera “benéfico um ambiente em que as cotações do crude se equilibrem num ponto que rentabilize devidamente os investimentos, sem comprometer a procura”. Que ponto é esse? O presidente da APETRO, a associação que representa as petrolíferas, António Comprido, refere que “o equilíbrio tem sido apontado entre os 60 e os 90 dólares”. 

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