OPEP corta previsões de procura de crude para valor mais baixo da última década

Estimativas indicam que a produção vai superar as necessidades globais de petróleo.

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A queda dos preços do petróleo agudizou-se desde o princípio de Dezembro de 2015. Joel Saget/AFP

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP, que reúne 12 dos maiores produtores mundiais) cortou as estimativas que tinha feito em relação à procura por petróleo, um factor que continuará a contribuir para a pressão sobre os preços que se vem a registar no último meio ano. Desde Junho, o preço do barril de Brent, um dos mais importantes indicadores da indústria, caiu cerca de 47%.

De acordo com um relatório mensal da OPEP, a procura pelo crude produzido pelos países da organização será em 2015 de 28,9 milhões de barris por dia, abaixo da estimativa anterior em 120 mil barris.

É o valor mais baixo desde 2004 e fica meio milhão de barris aquém daquilo que o grupo deverá produzir. Já a projecção para a procura por petróleo produzido em todo o mundo aponta para os 92,26 milhões de barris, ligeiramente acima de 2014, mas um valor também abaixo das previsões anteriores e inferior à produção global esperada.

A revisão em baixa deve-se sobretudo a uma procura fraca nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, de que fazem parte os países da Europa Ocidental e Central, que estão a sentir uma desaceleração económica.

Para a queda dos preços  – que se tem vindo a reflectir no preço final dos combustíveis rodoviários – contribui também o aumento da oferta, impulsionado por um crescimento da produção nos EUA. Nesta quarta-feira, o preço do barril de Brent ronda os 64 dólares, o mais baixo em mais de cinco anos.

A OPEP admite não saber que impactos pode ter a situação corrente. “Se o actual ambiente de preços persistir no próximo ano, terá implicações tanto na economia global como, a prazo, no mercado global de petróleo, embora não seja claro em que medida”, lê-se no relatório.

O corte nas estimativas para a procura é publicado pouco depois de os 12 países terem decidido não reduzir a quantidade de petróleo produzida, o que seria uma forma de combater o declínio dos preços.

A Venezuela era então um dos países que defendia uma redução, mas saiu derrotada de uma reunião em que a Arábia Saudita se mostrou favorável à manutenção da produção. De uma outra reunião, poucos dias antes, entre a Arábia Saudita, a Venezuela, o México e a Rússia (os dois últimos não pertencem à OPEP), também não resultou qualquer medida. A Rússia disse então estar disposta a tolerar os preços actuais.

A queda dos preços pode também levar a mudanças nas empresas do sector, com as companhias de menor dimensão a procurarem fusões e aquisições como estratégia de sobrevivência. Uma situação que aconteceu no final da década de 1990 e do início da década passada, quando os preços baixos criaram as condições para a BP, um gigante do sector, avançar para uma série de fusões e compras.

 

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