O futuro do Turismo é o futuro do nosso país

Nas últimas semanas, os números da actividade turística deste verão têm sido notícia um pouco por toda a imprensa. O "ano do regresso da recuperação do turismo nacional", "receitas da hotelaria aumentam", "turismo com o melhor verão desde o início da crise" ou "hotelaria espera recordes em 2013" são alguns exemplos dos títulos que nos têm chegado através da televisão, rádio, jornais e Internet.

A ideia generalizada e fundamentada nos números do INE – que dão conta de um aumento de dormidas na hotelaria em Agosto na ordem dos 5,4% em relação ao mês homólogo de 2012 – é a de que o turismo está em alta, conhecendo um crescimento sem paralelo em relação aos outros sectores económicos. Mais: é, em boa parte, responsável pela diminuição da taxa de desemprego, dado que nos três primeiros trimestres deste ano foram criados mais de 46.000 postos de trabalho.

Sendo tudo isto verdade, é preciso entender em que circunstâncias é que acontece este crescimento: num clima altamente recessivo e adverso, com uma carga fiscal excessiva, no epicentro de uma crise económica com efeitos nefastos no poder de compra dos portugueses e de muitos outros europeus e sob o auspício de uma política de preço baixo que asfixia os empresários e determina perdas consideráveis para a competitividade do turismo.

A verdade é que temos um bom produto, sólido e reconhecido internacionalmente. Temos um país que reúne um sem-número de condições que o colocam num patamar invejável enquanto destino turístico de referência: uma excelente qualidade de serviço, uma capacidade instalada em quantidade e de enorme qualidade e condições naturais ímpares que nos colocam no primeiro patamar do turismo a nível mundial.

Podemos ir mais longe? Podemos e devemos.

Tomemos como exemplo o Algarve, o principal destino turístico português, com 14,3 milhões de dormidas anuais, onde existem dos melhores empreendimentos turísticos, muitos deles galardoados internacionalmente, e 30 campos de golfe de altíssima qualidade. Apesar de todas estas potencialidades, é na época estival que se continua a concentrar cerca de 50% da taxa de ocupação anual. E é fora desta época que há margem para crescer com outros produtos, que não apenas o sol e o mar.

O combate à sazonalidade faz-se através de um trabalho persistente junto dos operadores dos mercados inglês, alemão, escandinavo, francês, irlandês e outros emergentes, como, por exemplo, o polaco. Têm de se potenciar internacionalmente os segmentos do Turismo de Negócios, Náutico, Desportivo, de Natureza, Cultural, Gastronómico, de Saúde e Bem-estar. Todos são produtos que podemos valorizar para contrariar o efeito de sazonalidade da região algarvia.

E há também o Turismo Residencial, talvez o segmento com maior potencial para se tornar um dos principais sectores de exportação em Portugal. O Algarve já integra o "top 10" dos destinos mundiais mais procurados para compra de casa no estrangeiro, mas é preciso encontrar ainda a melhor forma para atrair investidores internacionais da classe média e média-alta e reforçar a promoção e comercialização da região algarvia. Importa difundir ao máximo as suas potencialidades pelos principais investidores deste segmento. O turismo é essencial para a recuperação da nossa economia, como responsável por 14% das exportações, 10% do produto interno bruto e 8% do emprego no país. Estamos num momento de alterações profundas, e muitas delas podem demorar alguns anos a produzir os seus efeitos, mas não devemos esquecer que o futuro do turismo é tambémo futuro do nosso país.

Este é um combate com o qual todos nos devemos comprometer: decisores políticos, entidades ligadas ao sector, opinion makers e cidadãos. Uma boa parte destes agentes estará hoje a discutir este tema na II Cimeira do Turismo Português, que se realiza em Vilamoura com o tema Algarve: Construir o Futuro, onde Steve Forbes, uma das principais personalidades a nível mundial, nos vem transmitir algumas pistas para esse mesmo trajecto que queremos construir, com base na sua experiência pessoal e profissional de sucesso, e com especial incidência nos segmentos de turistas de grandes recursos financeiros que pretendemos cativar ao nível do Turismo Residencial.

E construir o futuro do Algarve é ajudar a reconstruir a nossa economia e o nosso país, razão pela qual o senhor primeiro-ministro não deixará de estar presente, porque entende a importância desta actividade económica na recuperação e relançamento do país e porque entende que ela tem um papel vital na criação de emprego e na concepção de condições que permitam suavizar a austeridade imposta.

Presidente da Confederação de Turismo Português

 
 
 

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