Novos casos levam Governo a adiar relatório sobre a Volkswagen

Executivo diz que há impostos que poderão vir a ser “regularizados”.

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O ministro do Ambiente,Jorge Moreira da Silva, o ministro da Economia, Miguel Morais Leitão, e o secretário de Estado do Assuntos Fiscais, Paulo Núncio Enric Vives-Rubio

O grupo de trabalho que está em Portugal a analisar o caso da Volkswagen vai apresentar na próxima semana um relatório apenas preliminar. O Governo decidiu alargar o prazo para a apresentação de conclusões, depois de o fabricante alemão ter anunciado esta semana ter descoberto irregularidades nas emissões de dióxido de carbono, que afectam também carros a gasolina e se juntam à fraude divulgada em Setembro, que estava restrita a motores diesel.

O adiamento foi comunicado pelo novo ministro da Economia, Miguel Morais Leitão, numa conferência de imprensa após a terceira reunião do grupo. “Provavelmente não definiremos data [para a conclusão dos trabalhos]”, acrescentou o governante, justificando a decisão com o facto de os acontecimentos estarem ainda desenrolar-se.

O ministro adiantou que três agências portuguesas - o Instituto da Mobilidade e dos Transportes, a Agência Portuguesa do Ambiente e a Direcção-Geral do Consumidor - vão reunir-se com o regulador dos transportes na Alemanha, com o qual a Volkswagen está a negociar o plano de reparações, que depois será aplicado em toda a União. Já o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais notou que, confirmando-se as irregularidades das emissões, há “impostos que terão de ser devidamente regularizados”.

O grupo de trabalho foi anunciado no final de Setembro, menos de duas semanas depois de o escândalo da Volkswagen ter rebentado e quando os novos casos de problemas nas emissões, que só foram conhecidos nos últimos dias, estavam longe de vir a público.

No início desta semana, a Agência de Protecção Ambiental dos EUA, que revelou a fraude, acusou a multinacional alemã de enganar os testes de poluição em modelos mais recentes e com motores de maior cilindrada. Pela primeira vez, um modelo da Porsche foi envolvido no caso. O organismo disse ter identificado dez mil carros com o problema, a que se somam um número não conhecido de vendas recentes. São muito menos do que os 482 mil veículos abrangidos pela primeira acusação, que acabou por levar à conclusão de que cerca de 11 milhões de veículos da Volkswagen, Seat e Skoda e Audi tinham o sistema fraudulento.

O Grupo Volkswagen negou de imediato esta nova acusação, numa postura que contrasta com a que tinha tido antes, quando admitiu a responsabilidade pouco depois do comunicado daquela agência americana. Mas, um dia depois, comunicou ter descoberto, depois de investigações internas, que cerca de 800 mil carros têm “irregularidades”, desta vez nas emissões de dióxido de carbono. Embora a maioria destes automóveis tenham motores diesel, também são afectados carros a gasolina. Não há ainda informação sobre quantos destes estarão em Portugal. No caso anterior, foram afectados 117 mil veículos no mercado português.

As contas da empresa - cuja provisão para fazer face à crise já levou a que fechasse os nove primeiros meses do ano com prejuízdos - serão afectadas pela nova descoberta. A multinacional estima que os custos com o caso mais recente rondem os dois mil milhões de euros.

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