Ministro da Economia: “Queremos contrapartidas que se materializem em projectos reais”

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O ministro da Economia referiu que o investimento associado às contrapartidas do C295 é superior a 100 milhões de euros Daniel Rocha

Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia, disse hoje que o objectivo da renegociação das contrapartidas pela compra de aparelhos militares é conseguir investimentos que se traduzam em “projectos reais” e que se concretizam.

O ministro falava durante a apresentação dos resultados da renegociação do contrato de contrapartidas pela compra de 12 cargueiros militares C295, entre o Estado e a Airbus Military, que irá resultar na construção de uma fábrica de materiais aeronáuticos pela Salvador Caetano.

Álvaro Pereira Santos, e também o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, referiram aos jornalistas que até agora a grande maioria dos acordos de contrapartidas por compras de material militar têm tido por base muitos projectos difíceis de acompanhar, quanto à real execução dos compromissos assumidos pelo vendedor.

Quanto à nova fábrica, hoje anunciada, está em causa um investimento global de cerca de 75 milhões de euros, prevendo-se que a construção tenha início até ao final deste ano. A nova estrutura vai dividir-se em duas unidades: a primeira situa-se em Ovar e irá dedicar-se à área de engenharia, na parte das máquinas industriais (tooling). A outra parte do projecto será uma unidade de produção em Vila Nova de Gaia, dedicada ao fabrico de peças em materiais compósitos e de estruturas metálicas.

Uma fonte oficial do Ministério da Economia indicou ao PÚBLICO que o investimento na construção da fábrica ascende a 15 milhões de euros, repartidos mais ou menos em partes iguais entre a Salvador Caetano e a Airbus. Já quanto à maior fatia de investimento neste projecto, de quase 55 milhões de euros, diz respeito a encomendas futuras, da parte da Airbus, de ferramentas industriais e das novas peças fabricadas pela Salvador Caetano.

Quanto ao número de postos de trabalho previstos, são cerca de 200 empregos directos e outros 600 indirectos, estes últimos ligados à cadeia de fornecedores da nova fábrica no Norte do país, indicou o ministro da Economia.

No entanto, a renegociação das contrapartidas não se resume à nova fábrica. No total, estão previstos investimentos de mais de 100 milhões de euros, que envolvem também a Ogma (antigas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico), seis PME portuguesas, que fazem parte da cadeia de fornecedores da primeira, e a Empordef TI e a GMV.

Na cerimónia de assinatura do novo acordo, que se realizou na sede do Ministério da Economia, em Lisboa, estiveram presentes os ministros da Economia e da Defesa, o presidente da Airbus Milirtary, Domingo Ureňa-Raso, e o secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação.

O contrato para aquisição das 12 aeronaves C-295 à empresa EADS/CASA foi assinado em Fevereiro de 2006 entre a Defaerloc – compradora dos aviões, pertencente à holding das indústrias de Defesa do Estado, Empordef. A compra dos sucessores dos Aviocar, orçada em 275 milhões de euros, foi financiada por um consórcio bancário constituído pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Barclays Bank.

A renegociação dos contratos das contrapartidas militares foi feita com o consórcio europeu, EADS, representado pela Airbus Military, uma vez que foi com esta empresa que se arrancou inicialmente com o projecto de compra das aeronaves.

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