Metro do Porto com resultado operacional negativo no primeiro trimestre

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Receitas passaram de 8,4 para 9,6 milhões de euros até Março Adriano Miranda

Transportadora pública registou um défice de operação de cerca de meio milhão de euros, apesar de uma subida de 15% nas receitas e de um corte de 2,6% nos custos.

De acordo com dados fornecidos ao PÚBLICO, a Metro do Porto fechou o primeiro trimestre deste ano com um resultado operacional negativo em 470 mil euros. Ainda assim, significou uma subida de 77% face às perdas de cerca de dois milhões de euros registadas entre Janeiro e Março de 2011.

As receitas da transportadora pública subiram 15%, passando de 8,4 para 9,6 milhões de euros, à custa das actualizações de preços efectuadas já este ano. Foi sobretudo este factor que possibilitou um aumento da facturação, já que, do lado da procura, o trimestre foi de queda.

Desde o início de 2012, o tráfego na rede da Metro do Porto recuou 0,78%, descendo de 14,4 para 14,3 milhões de passageiros. Foi em Janeiro que se registou a maior descida, que chegou a 3%. Já em Março, o recuo foi de 2,52%, mas este dado é influenciado pela greve geral que ocorreu no dia 22 desse mês, que, de acordo com a transportadora, “reduziu a procura no dia em metade”.

Em termos de custos operacionais, a empresa conseguiu alcançar uma redução de 2,6% nos primeiros três meses do ano, reduzindo as despesas em 275 mil euros. No total, os gastos atingiram 10,1 milhões de euros. A estrutura de pessoal manteve-se praticamente intacta, registando-se apenas a saída de dois trabalhadores, o que fez com que a empresa encerrasse o primeiro trimestre com 91 funcionários.

Crise e desemprego afectam procura

Numa resposta enviada por e-mail ao PÚBLICO, o presidente do conselho de administração da Metro do Porto afirmou que o primeiro trimestre do ano foi “muito positivo”, uma vez que “a quebra da procura é bem menor do que a verificada na generalidade dos operadores de transporte público”.

Para Ricardo Fonseca, estas reduções que se têm verificado no tráfego não são tanto uma consequência do aumento tarifário introduzido em Fevereiro, “mas sobretudo uma diminuição que decorre da situação de crise e do aumento do desemprego”, referiu.

“O Metro do Porto faz, este ano, dez anos de operação. E nunca, nestes dez anos, vivemos uma situação recessiva tão forte como esta. As consequências da crise na procura do transporte público eram esperadas e são inevitáveis”, admitiu o presidente da transportadora pública.

Além disso, Ricardo Fonseca salientou a importância das medidas de redução de custos que estão em curso e que permitiram já uma redução de 30% nas despesas de 2011, face aos gastos incorridos em 2009. “A cobertura dos custos directos da operação pela receita aumentou quase 15 pontos percentuais neste primeiro trimestre face ao período homólogo, situando-se no 95,4%”, referiu, acrescentando que “em Março, esta cobertura situou-se nos 104%”.

Um dos compromissos assumidos por Portugal junto da troika, na sequência do pedido de ajuda externa, é o reequilíbrio das contas das transportadoras do Estado ainda em 2012. Uma tarefa que é considerada difícil, face ao acumular de prejuízos destas empresas. Em 2011, a Metro do Porto teve perdas líquidas de 397 milhões de euros.

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