Mercados com manhã mais negativa desde o referendo britânico

Bolsas europeias abriram em queda. Investidores mostram dúvidas sobre a capacidade dos bancos centrais para estimular a economia.

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Bolsa do Japão foi uma das primeiras a registar quedas REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Os mercados financeiros asiático e europeu estão a registar durante esta segunda-feira o arranque mais negativo desde Junho, quando foi conhecido o resultado do referendo britânico sobre a saída do país da União Europeia. Vários analistas defendem que esta é uma reacção dos investidores aos sinais de impotência que têm vindo a ser dados pelos bancos centrais.

As principais bolsas da Europa e da Ásia registam descidas nos seus índices próximas de 2% e os títulos de dívida soberana na zona euro apresentam uma subida nas suas taxas de juro. Uma tendência que se está também a registar em Portugal.

O índice STOXX600 – que agrega 600 dos principais títulos accionistas europeus – registava ao fim de uma hora de sessão, uma queda de 1,8%, de acordo com a Reuters.

As empresas mais dependentes dos preços das matérias-primas estão entre as que mais perdem, com uma descida média de 3,5%. Isto mostra que a preocupação nos investidores está principalmente relacionada com a perspectiva de um crescimento económico lento. No sector bancário europeu a queda é de 1,9%.

Em Portugal, às 9h15, a queda no PSI20 – o principal índice da bolsa de Lisboa – era de 1,96%. Ao mesmo tempo, as taxas de juro da dívida a 10 anos subiam 0,089 pontos percentuais para 3,245%.

A tendência de agravamento das taxas de juro europeias sente-se à escala europeia e parece também indicar uma maior desconfiança em relação à capacidade e vontade do Banco Central Europeu para colocar em prática novas medidas que estimulem a economia, como o reforço das compras de obrigações.

Na semana passada, o conselho de governadores do BCE decidiu manter inalterados o programa de compra de activos que têm em prática e o nível das taxas de juro. Mario Draghi, apesar de ter garantido que o banco está pronto para agir, apelou aos governos para desempenharem também o seu papel.

Tanto na Europa como nos Estados Unidos e no Japão, os bancos centrais têm vindo nos últimos anos a fazer um esforço inédito para estimularem o crescimento económico e evitarem a deflação. Mas nesta fase começa-se a questionar se a sua capacidade para fazer mexer a economia não poderá já estar a chegar ao fim.

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