Irlanda está outra vez em recessão

Números muito negativos no início de 2013 e revisão em baixa dos resultados do final de 2012 surpreendem analistas.

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O Governo irlandês avisa que, apesar das perspectivas de crescimento, o Orçamento para 2014 será exigente François Lenoir/Reuters

A economia irlandesa registou uma queda de 0,6% no primeiro trimestre deste ano e viu os resultados dos últimos três meses de 2012 serem revistos em baixa, o que significa que o país está novamente em recessão, algo que não acontecia desde 2009.

Uma recessão técnica é declarada quando o PIB de um país regista duas variações trimestrais negativas no seu PIB. No caso da Irlanda, depois dos números digulgados esta quinta-feira pelo gabinete de estatística, são já três os trimestres - do terceiro de 2012 até ao primeiro de 2013 - em que a economia está consecutivamente em queda.

A maior surpresa aconteceu nos primeiros três meses deste ano. O PIB registou uma quebra de 0,6% face ao trimestre imediatamente anterior, quando, em média, os analistas estavam à espera de um crescimento próximo de 0,3%. Ao mesmo tempo, os dados do PIB do quarto trimestre de 2012 foram revistos, apontando agora para uma contracção de 0,2%. No terceiro trimestre de 2012 ficou confirmada a variação negativa na economia. Isto significa portanto que, usando o conceito de recessão técnica, a Irlanda já se encontra nessa situação desde Junho de 2012.

Esta reentrada em recessão acontece a poucos meses do termo do programa de ajustamento aplicado pela troika na Irlanda, o que irá acontecer no final deste ano. O país já conseguiu, com algum sucesso, realizar emissões de dívida de longo prazo nos mercados e tem, de acordo com os seus responsáveis, o financiamento do próximo ano praticamente garantido, o que lhe dá, entre os países que solicitaram um resgate à troika, possibilidades mais fortes de sucesso num regresso completo aos mercados, assim que o programa de ajustamento terminar.

Nas últimas semanas, contudo, verificaram-se alguns sinais negativos. As taxas de juro das obrigações voltaram a subir, acompanhando a tendência dos outros países da zona euro, e a insatisfação da opinião pública agravou-se depois de terem sido conhecidas gravações comprometedoras de responsáveis dos bancos que tiveram de ser resgatados pelo Estado. 
 
 
 

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