Grupo PSA reduz número de modelos automóveis para 26 em oito anos

Carlos Tavares, presidente executivo da companhia, apresentou nesta segunda-feira o plano estratégico do grupo francês.

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Carlos Tavares, que lidera a PSA desde 31 de Março, apresentou nesta segunda-feira o novo plano estratégico do grupo ERIC PIERMONT/AFP

A recuperação que a nova equipa de gestão da PSA Peugeot Citroën quer imprimir ao grupo automóvel francês vai levar a um reposicionamento das marcas automóveis nos próximos oito anos, com uma redução progressiva do número de modelos. Em vez dos actuais 45, a empresa espera chegar a 2022 com 26 modelos à venda.

O objectivo consta do plano de médio prazo desenhado para a PSA, que vem dar corpo à estratégia que o novo presidente executivo, o gestor português Carlos Tavares, desvendou no início de Março, ainda antes de assumir oficialmente a liderança do segundo grupo automóvel europeu.

O reposicionamento das marcas Peugeot e Citroën, aliada à criação de uma marca autónoma a partir da linha DS (Citroën), é explicada pelo novo CEO com o facto de haver uma “enorme diluição” de modelos em todo o grupo. “Queremos fazer melhor, concentrando recursos. A passagem de 45 a 26 modelos será feita progressivamente, durante oito anos”, afirmou, em entrevista ao jornal económico francês Les Echos. Dentro de dois anos, haverá já uma redução para 38 modelos.

Carlos Tavares – que em Agosto do ano passado saiu da Renault, onde estava como número dois do brasileiro Carlos Ghosn – voltou a explicar que o reposicionamento das marcas da PSA terá subjacente, no design e na construção, ideias distintas: a Peugeot como marca que “alia o rigor alemão à emoção latina”; a Citroën com modelos voltados para o “conforto e [que] deverão promover a inovação útil”.

Depois de dois anos de prejuízos que adensaram a fragilidade financeira do grupo automóvel, a empresa traça três grandes objectivos financeiros para o período de 2014 a 2018. No plano estratégico, a PSA define como meta chegar a 2016 com um fluxo de caixa positivo, acumular 2000 milhões de euros no conjunto dos dois anos seguintes e conseguir uma margem operacional de 2% na divisão automóvel até 2018. Em relação a este último indicador, a empresa define já qual é a meta para o período seguinte, esperando que no plano estratégico de 2019 a 2023 a margem operacional seja de 5%.

Em 2013, o segundo ano consecutivo de prejuízos, a PSA apresentou perdas de 2300 milhões de euros, depois de um resultado negativo que chegou a 5000 milhões de euros em 2012. Na apresentação do plano estratégico, Carlos Tavares apontou para o período de 2016 e 2018 como o horizonte do “fim da recuperação económica da empresa”.

A mudança estratégica do grupo terá como pano de fundo uma nova distribuição accionista. No final de Abril, os accionistas darão luz verde, em assembleia geral, a um aumento de capital de cerca de 3000 milhões de euros, assegurando a entrada do Estado francês e da chinesa Dongfeng (estatal) na estrutura accionista. Depois das alterações de capital, a família Peugeot reduz a participação de 25% para 14%, uma posição idêntica à do Estado francês e da Dongfeng. Na mesma entrevista, Carlos Tavares admite que a abertura do capital “não resolve o problema fundamental de rentabilidade” do grupo, mas pode “ajudar a alcançá-lo”.

Questionado se a empresa tem sido mal gerida, Carlos Tavares rejeita essa leitura, dizendo antes que “a empresa não deu todo o seu potencial e tem boas margens de progressão”. “Os colaboradores querem que lhes lancemos desafios. É preciso trabalhar desde já as diferentes funções [da empresa] de forma transversal”, acrescenta.

Carlos Tavares, para quem as fábricas da PSA em França precisam de ser ágeis e com custos optimizados, não considera necessário encerrar mais unidades de produção no país, sublinhando que há um contrato celebrado com os parceiros sociais que está em vigor até 2016 e que, assegura, vai ser aplicado até ao fim. “Em 2016, faremos o balanço”.

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