Grécia assume que pode precisar de novo empréstimo

Schäuble diz que Portugal “provavelmente” não precisará de mais dinheiro

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Antonis Samaras, primeiro ministro grego Andreas Solaro/AFP (arquivo)

Apesar de traçar como objectivo um regresso aos mercados já em 2014, Antonis Samaras confirmou que a Grécia poderá ter de chegar a acordo com os responsáveis da troika para a disponibilização daquilo a que chama “uma espécie de ajuda suplementar”.

Numa entrevista ao jornal "Ethnos", o primeiro-ministro grego afirma que esta possibilidade já ficou acordada com os actuais credores do país: "se a Grécia tiver de preencher uma necessidade de financiamento durante os próximos anos, haverá, desde que respeite todos os seus compromissos, uma espécie de ajuda suplementar".

Samaras deu depois várias hipótese de ajuda que poderá ser concedida à Grécia, se o objectivo for reduzir o peso da dívida pública na economia grega. "Há várias formas: a redução das taxas de juro, o refinanciamento de determinados títulos de dívida que atinjam a maturidade, ou o prolongamento de um período de graça", disse.

Durante a semana passada, vários responsáveis europeus e do FMI deram conta da cada vez mais certa necessidade de reforçar os empréstimos que são concedidos à Grécia. Um relatório recente do FMI colocava em causa a sustentabilidade da dívida pública grega e apontava para a existência de necessidades de financiamento não preenchidas superiores a 7000 milhões de euros já no próximo ano.

Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, disse na quinta-feira que um reforço da ajuda financeira à Grécia poderia ser necessária, falando em particular da hipótese de uma nova redução das taxas de juro exigidas ao país pelos empréstimos concedidos pelos fundos de estabilidade financeira europeus.

A zona euro e o FMI renegociaram com a Grécia o empréstimo actualmente em vigor em Novembro de 2012.

Antonis Samaras, apesar de apontar para a necessidade de ereforçar esse empréstimo, tentou, na entrevista, apresentar um discurso optimista. Em especial, disse que a Grécia tinha hipóteses de, já em 2014, regressar com sucesso às operações de financiamento de longo prazo nos mercados. "A taxa da obrigações a 10 anos baixaram para 10%, contra os 27% dos anos anteriores. Se elas baixarem para 7%, o que é muito provável, isso significa que poderemos sair da época dos programas de ajuda", afirmou o primeiro ministro grego.

Em Portugal, as taxas de juro a 10 anos já estiveram bem abaixo dos 7%, mas na semana passada voltaram a superar esse valor. Wolfgang Schaüble, ministro alemão das Finanças, com as eleições cada vez mais perto, foi ontem prudente nas suas declarações sobre a capacidade de Portugal para evitar um segundo resgate. Disse que "provavelmente" nem Portugal nem a Irlanda vão precisar de mais ajuda financeira, mas ressalvou que os mercados financeiros "nem sempre são racionais".

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