Gasóleo cai para menos de um euro em alguns postos

Preço do petróleo chegou a atingir valores mínimos dos últimos 11 anos.

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A produção de petróleo está a exceder a procura global Fernando Veludo

O preço do combustível está a ser pressionado pela queda mundial do petróleo e alguns postos estão a vender gasóleo a menos de um euro, embora o preço médio esteja acima dessa fasquia. Segundo os dados publicados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia, no domingo, o gasóleo simples em Portugal continental, custava, em média, 1,095 euros por litro, enquanto a gasolina 95 simples tinha um preço de 1,332 euros por litro.

Ao longo da semana passada, o preço médio do gasóleo simples esteve nos valores mais baixos desde Abril, quando que este tipo de combustíveis se tornou uma obrigação legal na generalidade dos postos.

O gasóleo abaixo de um euro por litro já está a ser vendido emalguns dos chamados postos low cost, associados a cadeias de supermercado. “Todos os postos de abastecimento Prio Pingo Doce passaram a comercializar gasóleo a um preço inferior a um euro desde sexta-feira”, confirmou ao PÚBLICO fonte da empresa.

Com um longo período de oferta acima da procura, o preço do petróleo continua em queda, ameaçando a saúde financeira de vários países produtores (entre os quais Angola, com quem Portugal tem fortes relações comerciais) e emagrecendo as margens de empresas petrolíferas.

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Nesta segunda-feira, o preço do barril de Brent – o petróleo do mar do Norte e um dos principais indicadores globais – tocou em valores ligeiramente abaixo dos 37 dólares, antes de recuperar no final da tarde para um preço em torno dos 38. Na sexta-feira, o preço do barril de Brent já tinha fechado em 37,93 dólares – é o tipo de valor que já não era visto desde meados de 2004. No caso do WTI, o petróleo americano, o preço desceu para valores mínimos dos últimos seis anos.

Sem perspectivas de uma subida próxima dos preços, alguns países produtores estão a defender estratégias opostas para enfrentar a crise de preços, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que representa cerca de 40% da produção mundial, a assemelhar-se mais a uma arena de combate do que a um grupo organizado em torno de objectivos comuns.

No início deste mês, após uma reunião de sete horas, a organização decidiu continuar a política adoptada no ano passado e defendida pela Arábia Saudita e pelo Iraque: não limitar mais a produção, tentando aguentar a quebra de preço para conquistar mercado e afastar concorrentes externos como a Rússia e os EUA (e, eventualmente, outros países do grupo).

Aquela opção colide directamente com os interesses da Venezuela, cuja economia está a resvalar e que que há mais de um ano tenta convencer a organização a baixar os tectos de produção para limitar a oferta e fazer subir os preços. De acordo com dados compilados pela agência Bloomberg, países como o México, o Canadá e o Iraque já estão a vender alguns barris a preços entre os 22 e os 28 dólares. com Ana Rute Silva

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