FMI acredita que a zona euro consegue gerir “riscos” da crise grega

“Riscos imediatos de contágio” reduziram-se, mas a economia continua vulnerável aos choques”, diz o Fundo.

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Lagarde sobe o tom das críticas à Grécia e diz que as negociações têm de ser feitas entre adultos THIERRY MONASSE/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que os riscos ligados à crise grega são geríveis, se houver uma resposta “atempada e eficaz” na zona euro, mas alerta que a economia continua “vulnerável aos choques”. A posição surge na análise anual do Fundo à economia da moeda única, publicada no mesmo dia em que o Eurogrupo, reunido para discutir a questão grega, chegou ao fim sem fumo branco em relação ao empréstimo a Atenas.

A zona euro pressionou a Grécia para que esta se empenhe numa solução com os parceiros europeus e a própria directora-geral do FMI, Christine Lagarde, endureceu o discurso, dizendo que é preciso haver uma negociação entre “adultos”.

As conclusões que o FMI publicou nesta quinta-feira assentam numa análise feita a partir das visitas do Fundo aos países da moeda única ao abrigo do chamado Artigo IV. A Grécia é a única a merecer uma referência particular do FMI. “Com uma resposta política atempada e eficaz, os riscos de médio prazo associados à incerteza à volta da Grécia parecem ser geríveis”, escreve a instituição liderada por Christine Lagarde.

Para o FMI, “os riscos imediatos de contágio nos mercados reduziram-se bastante com os instrumentos de política disponíveis na zona euro, incluindo o QE [o programa de compra de activos do Banco Central Europeu], e as barreiras de protecção europeias”.

Num momento em que se volta a falar de um possível cenário de desmembramento da zona euro, com a Irlanda a admitir que está a ser aconselhada pelo BCE sobre o impacto de uma saída da Grécia da moeda única, essa não é uma hipótese referida ipsis verbis pelo Fundo. A expressão “riscos” é lata o suficiente para abarcar cenários abstractos. “No médio prazo, os riscos envolvendo a Grécia podem ser geridos se forem concertados esforços para acelerar e aprofundar a integração na união monetária, tornando-a mais resiliente”.

O FMI salienta a retoma económica na área do euro, atribuindo-a às medidas tomadas para melhorar a confiança e reduzir os riscos de deflação. No entanto, as perspectivas de médio prazo são moderadas e, insiste, é preciso uma “resposta abrangente” para suportar o crescimento da economia.

Para o FMI, os 19 países da zona euro deve comprometer-se com um conjunto de reformas assentes em “quatro pilares essenciais”: manter a procura, limpar os balanços dos bancos, acelerar as reformas estruturais e reforçar o quadro de governação económica.

A expectativa do FMI é que a economia do euro cresça cerca de 1% “no médio prazo”, um ritmo que considera estar abaixo do que é preciso para reduzir a taxa de desemprego para os níveis desejados. O FMI admite mesmo que a economia possa voltar a um ritmo de “crescimento baixo” e diz que ainda está “vulnerável aos choques”.

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