Filipe de Botton sai da administração da REN

Posição de 8,4% da EGF na REN passou de estratégica a “investimento puramente financeiro”.

Foto
Neste momento "não existe qualquer intenção de vender” a posição na REN, garante o presidente da Logoplaste Nuno Ferreira Santos

O presidente da Logoplaste, Filipe de Botton, renunciou na segunda-feira ao cargo de administrador da REN por “razões éticas”. “Por uma questão de valores e princípios, não vamos estar no conselho de administração de uma empresa em que passámos a ter uma posição meramente financeira. É uma forma de estar no mercado”, disse Filipe de Botton ao PÚBLICO.

Na segunda-feira à noite, a REN anunciou através de comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que Filipe de Botton, representante da EGF no conselho de administração, comunicou ao presidente da empresa, Rui Vilar, a renúncia ao cargo de administrador. A EGF tem 8,4% da REN.

O Diário Económico noticiou nesta terça-feira que o motivo da renúncia se prende com o facto de o Estado ter passado a admitir na estrutura accionista da REN accionistas com mais de 10% do capital, ao contrário do que acontecia quando a Logoplaste entrou na empresa. Ao PÚBLICO, Filipe de Botton admitiu ter-se “enganado ao pensar que o Estado era uma pessoa de bem”.

Botton sublinhou que, “neste momento, não existe qualquer intenção de vender” as acções da REN, embora uma posição financeira seja, “por definição, transaccionável”. A EGF, que gere a posição da Logoplaste na REN, é a maior accionista portuguesa da gestora da rede eléctrica nacional, a seguir ao Estado.

O anúncio de que a REN passou a ser encarada pela EGF como um investimento financeiro acontece precisamente em vésperas de se realizar a segunda fase de privatização da empresa (através da venda em bolsa de 11% do capital que ainda é controlado pela Parpública e Caixa Geral de Depósitos). Mas a decisão já estava “tomada há uma série de meses”, adiantou o empresário.

A estrutura accionista da REN passou a ser liderada em 2012 pelos chineses da State Grid (25% do capital) e pelos omanitas da Oman Oil (15%), através de operações que renderam mais de 590 milhões de euros ao Estado. A Gestmin, da família Champalimaud, tem uma posição de 5,9% na empresa, e a Oliren, Red Eléctrica e EDP têm participações de 5%, cada uma.

Sugerir correcção
Comentar