Exportações caem 2,5% arrastadas por Angola

O mercado angolano foi responsável por um pouco mais de dois terços da quebra das vendas ao estrangeiro em Outubro.

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A economia angolana está a ressentir-se da quebra no preço do petróleo Manuel Roberto

As exportações de bens caíram 2,5% em Outubro face ao mesmo mês do ano passado, naquela que é a primeira descida homóloga desde Janeiro e uma consequência da menor procura por parte dos países de fora da União Europeia, em particular de Angola. 

As vendas de Portugal aos outros países da UE até registaram uma subida, mas as exportações para fora do grupo de 28 afundaram 19%, com um pouco mais de dois terços desta queda a dever-se ao mercado angolano, indicam os números publicados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O fenómeno reflecte o abrandar da economia daquele país, que está a ressentir-se de uma queda prolongada do valor do petróleo, cuja oferta global está a suplantar a procura e a pressionar o preço nos mercados internacionais.

A queda nas exportações é um indicador do efeito de choque que a economia portuguesa está a sentir. Angola é o sexto país que mais compra bens a Portugal, tendo representado este ano um pouco mais de 4% das vendas totais ao estrangeiro. É também um país que se tornou alvo de um número crescente de empresas portuguesas: entre 2011 e 2014, aumentou em 20% o número de empresas a vender para aquele mercado. E, por fim, é um país com o qual os  exportadores têm uma relação de elevada dependência. “Nos três primeiros trimestres de 2015, continuou a evidenciar-se uma elevada exposição das empresas exportadoras face a alguns dos principais mercados extra-UE, salientando-se Angola, que foi o destino exclusivo das exportações de mais de metade do número das empresas que exportaram para aquele país”, salienta o INE.

A maioria das empresas exportadoras em Portugal está dependente do comércio com um único mercado. Fora da União Europeia, Angola, Moçambique e Suíça são os três países em relação aos quais este tipo de exposição é mais forte, tornando estas firmas mais susceptíveis de sofrerem com alterações das condições económicas nos mercados de destino.

Em Outubro, o INE tinha indicado que 64% das empresas exportam apenas para um único mercado e, em Junho, o PÚBLICO tinha concluído que, das 5256 empresas que exportaram para Angola no ano passado, 56% fizeram-no em exclusivo. Os números agora divulgados, e que dizem respeito aos três primeiros trimestres deste ano, mostram uma realidade semelhante: a dependência de Angola é total para 54% das empresas que vendem para este destino.

O INE nota que a maioria das empresas com uma forte exposição a este mercado – aquelas em que pelo menos 50% das exportações têm este país como destino – são de pequena dimensão: 56% tinham menos de dez pessoas e 60%, uma facturação inferior a um milhão de euros. Entre os bens exportados, estão sobretudo máquinas e aparelhos, produtos alimentares e metais.

No caso das empresas que exportam para Moçambique (12º na lista de países que fazem mais compras a Portugal) e para a Suíça (15º), a exposição das empresas a cada um destes mercados é menor, mas ainda significativa. Entre as que venderam para Moçambique, 48% não exportaram para nenhum outro país. No caso da Suíça, o peso é de 38%.

Outubro foi também um mês de queda nas importações. A descida foi de 3,9% face ao mesmo mês de 2014, acentuando assim a tendência negativa registada em Setembro. Porém, excluindo os combustíveis e lubrificantes, as compras ao estrangeiro cresceram 1,2%.

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