Exportação desprezada: os serviços industriais

Portugal tem um bom potencial para exportar serviços. Temos ótimo clima, uma orla marítima atrativa, um povo hospitaleiro, excelentes vinhos e gastronomia e custos competitivos, não fossem os elevados custos de contexto.

Entre os serviços, temos a renovação de carros clássicos e de camionetas turísticas, a grande manutenção dos carros de turistas e de lusodescendentes, a de TIRs espanhóis, só no setor auto. O mesmo com a grande manutenção de iates de luxo e aeronaves.

Devemos vender mais formas e moldes para termoplásticos, componentes para a indústria mobiliária, travessas em prata e cabos para talheres com gravação personalizada, sobretudo para hotéis; e a de iates de luxo e barcos para cruzeiro fluvial, na metalomecânica.

Podemos exportar mais fatos e uniformes à medida, para turistas e profissionais de alto nível, vestuário impregnado com antifogo para bombeiros e antibactéria para enfermeiros, vestido de noiva XXL, luvas e calçados para mãos e pés defeituosos, botas XXL e muito mais, no têxtil-vestuário-calçados.

Em vez de deixar os génios informáticos emigrar, devemos exportar produção 24h de softwares industriais, onde a equipa, ao terminar o turno a envia para a Califórnia, que a envia para a Índia ao fim do dia deles; para encurtar o tempo da concepção à entrega do produto. E, graças a muitos estrangeiros de variadas culturas aqui residentes, realizar a adaptação e os testes de softwares, após a versão beta, antes da sua aprovação final.

O publicitário da multinacional Norte-europeia prefere vir ver a prova de máquina, ao autorizar a impressão, se a gráfica ficar perto de praia, aeroporto, centro equestre e/ou campo de golfe. Ele vem na quinta-feira, trabalha sexta e relaxa no fim-de-semana. Já tivemos uma boa indústria gráfica. Teremos que transferir máquinas de Alverca ou Porto para Loulé ou Setúbal. Há muitos gráficos competentes e armazéns vazios no interior, próximo às estradas.

Podemos realizar na UE serviços individualizados devido à tenacidade, competência e salários aceitáveis dos nossos profissionais. Como a manutenção de iates em marinas francesas, inglesas e alemãs, sub-contratos para a grande manutenção e pinturas de balcões bancários, estações de metro, shoppings e hotéis, a modernização de antenas da rede móvel, tudo isso em fins-de-semana.

Estes e outros serviços são típicos de PMEs e a AICEP não apoia, pois não tem este perfil. A AICEP dos países que exportam está ligada ao equivalente da CIP ou AIP de lá, onde o governo tem apenas um voto no Conselho, mas colabora com 40 a 50% do orçamento e, em alguns casos, oferece uma sala na embaixada, nalguns países.

Podemos a curto prazo aumentar em muito as nossas exportações e assim criar emprego. Yes, we can.

Consultor internacional, autor dos manuais Como Sair da Crise, Portugal Rural e Ontem e Hoje na Economia

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