Entrada dos CTT e da Teixeira Duarte aumenta dividendos do PSI 20

Três empresas estreiam-se esta segunda-feira no principal índice da bolsa de Lisboa. Valorização de 45% dos correios facilita futuras privatizações.

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Assembleia geral dos CTT vota segunda-feira proposta de dividendos de 0,40 euros por acção PÚBLICO/Arquivo

As novas empresas que a partir desta segunda-feira passam a integrar o PSI 20, a Impresa, a Teixeira Duarte e os CTT, vêm reforçar a remuneração do principal índice da bolsa de Lisboa pela via dos dividendos, garantindo-lhe também maior liquidez. Apesar de prevista desde a privatização, é a promoção dos correios que trará maior benefício ao índice, pela elevada capitalização da empresa, mas também pelo carácter especulativo que o título apresenta, visível na valorização superior a 45% em quatro meses.

João Queiroz, director de Negociação da GoBulling (do Banco Carregosa), destaca, numa análise para o PÚBLICO, que “quando comparadas as entradas com as saídas, as alterações no PSI 20 vão permitir aos investidores que investem no índice ou que replicam o índice nas suas carteiras, acesso a uma maior remuneração via dividendos e a títulos com melhor desempenho em bolsa, desde o início de 2014”.

O maior contributo em dividendos virá dos CTT, com perspectiva de distribuição de 0,40 euros por acção (proposta a aprovar na assembleia geral desta segunda-feira), a que se deverá juntar 0,015 euros da Teixeira Duarte, a manter-se o valor do ano passado. A concretizarem-se, estas remunerações vão elevar o rendimento dos dois títulos a 0,415 euros. As empresas que saíram do PSI 20, a Sonae Indústria, a Cofina e a Sonaecom, distribuíram no ano passado um total de 0,09 euros de dividendos.

Na composição que resulta da revisão regular da carteira, João Queiroz destaca que, “para além da diversificação sectorial (que tende a ser um factor de diminuição do risco da carteira), os títulos que passam a fazer parte do PSI 20 têm maior dispersão e liquidez e, muito importante para quem investe, as empresas em causa apresentaram resultados positivos em 2013, de forma crescente”.

O director de Negociação da GoBulling sublinha também que 18 das 20 empresas que compõem o índice “têm uma capitalização bolsista superior a 1000 milhões de euros”. Nas três empresas agora promovidas, a maior capitalização é a dos CTT, que ascende a 1200 milhões de euros. No conjunto das três, a o valor de mercado eleva-se a quase 2000 milhões. Já as empresas que saem apresentam uma capitalização bolsista agregada de 880 milhões de euros.

A valorização dos títulos promovidos ao benchmark da bolsa nacional é elevada: as acções da Impresa já valorizaram mais de 50%, as dos CTT já subiram 45% e as da Teixeira Duarte aproximam-se dos 30%. Estas valorizações são naturais, até porque, como explicou ao PÚBLICO Luís Laginha de Sousa, presidente da Euronext Lisbon, a sociedade que gere a bolsa nacional, as regras de revisão são conhecidas dos investidores, pelo que as alterações não são propriamente uma surpresa.

Face à actual composição, o responsável reconhece que “é importante que o índice seja reforçado com empresas com maior liquidez”. Instado a comentar se a valorização das acções dos CTT facilita a conclusão da privatização, já que 31,5% do capital ainda está nas mãos do Estado, e outras alienações, Laginha de Sousa limitou-se a dizer que “é desejável que mais empresas [públicas] venham para o mercado e aí desenvolvam a sua base accionista”. Também no sector privado, o gestor diz que “seria desejável que mais sectores estivessem representados na bolsa, o que contribuiria para maior diversificação do índice”.

A valorização dos CTT, sustentada em forte liquidez, tem sido alimentada por alguns preços-alvo, com destaque para os do BPI, que aponta para 8,20 euros, e do JP Morgan, que passou dos 7,40 euros para os 8,30 euros. Estes price targets, a 12 meses, estão perto de ser alcançados, dado que na sessão da passada sexta-feira as acções da empresa privatizada há cerca de quatro meses fecharam nos oito euros.

O BPI admitiu num research recente que o Governo pode concluir a privatização antes da data fixada com os bancos que lideraram a operação, que termina em Agosto. Questionado pelo PÚBLICO sobre esta possibilidade, que tem ajudado a valorizar o título, o Ministério da Economia não respondeu. A valorização do título, vendido a 5,20 euros no início de Dezembro de 2013, facilita a vida ao Governo na colocação dos restantes 30% do capital, e pode abrir caminho a outras privatizações em bolsa, como a do restante capital da REN, que passará pelo mercado. Na agenda está ainda a venda TAP, mas, apesar do cenário de dispersão estar em estudo, o executivo não revelou de que forma será feita, aguardando ainda pelo trabalho de auscultação ao mercado que está a ser feito pelos assessores financeiros.   

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