Empresas de jogo online apoiam-se em estudo para criticar nova tributação

Imposto sobre apostas de 8 a 16% permite encaixe de 17 milhões de euros até 2018, mas poderia render 37 milhões se a tributação fosse sobre a receita bruta e com uma taxa superior.

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Empresas do jogo defendem outro modelo de impostos Toby Melville/Reuters

A Remote Gambling Association (RGA) apresentou, terça-feira, no Parlamento um estudo da consultora PwC que conclui que o modelo de tributação proposto pelo Governo para regular o jogo online poderia fazer render mais ao Estado caso a opção fosse tributar a receita bruta, em vez do valor das apostas.

Pelos cálculos da consultora, se o regime escolhido fosse um imposto sobre a receita bruta dos operadores, as apostas na Internet renderiam 37 milhões de euros até 2018. No modelo que deverá ser adoptado, a tributação incide sobre o volume das apostas e, assim, o encaixe é de 17 milhões até 2018.

A opção do Governo de taxas o jogo virtual com uma taxa de 8 a 16% sobre o valor das apostas “teria alguns impactos indesejáveis face à opção alternativa da tributação sobre a receita bruta, a uma taxa semelhante à de outros mercados europeus (15 a 25%, por exemplo”, lê-se no estudo.

A PwC acredita que, “com base na experiência de outros mercados e no nosso modelo económico”, a proposta actual vai gerar “um grande mercado não regulado, onde o Governo é incapaz de proteger os consumidores, com uma desaceleração do crescimento do mercado, e uma receita fiscal inferior”.

A consultora dá o exemplo de França, onde o imposto sobre as apostas desencorajou os operadores de se tornarem entidades exploradoras licenciadas, “restringido assim a percentagem de mercado que ficará localmente regulamentado”. Pelas contas da PwC, metade das empresas de apostas desportivas abandonaram o país antes do final do primeiro ano por falta de rentabilidade.

Nova lei até Março
A nova lei que vai regulamentar o jogo online deverá ser publicada durante o primeiro trimestre de 2015, depois de o Governo ter respondido às dúvidas de Bruxelas quanto ao diploma. A Comissão Europeia questionou alguns dos pontos da lei que podem restringir a liberdade de circulação, nomeadamente, a obrigação de os operadores estrangeiros terem uma sucursal ou filial em Portugal para exercerem a actividade.

A exploração e a prática de jogos na Internet não estava, até agora, regulada e o Governo quer criar um modelo aberto ao mercado, que funciona mediante a atribuição de licenças por um prazo de três anos, renovável. As empresas têm de cumprir “requisitos de idoneidade” e capacidade financeira, “previamente definidos” e as licenças estarão sujeitas a um “pagamento de taxas a definir”, que variam de cada tipo de jogo. Permite-se ainda a publicidade aos jogos, mas com algumas limitações para proteger os menores e os grupos mais vulneráveis. 

O modelo de tributação é semelhante ao que já existe para os jogos de fortuna e azar de base territorial (ou seja físicos). Haverá um Imposto Especial sobre o Jogo Online (IEJO), cujo valor varia consoante as modalidades.

No caso do jogo online de fortuna e azar e nas apostas hípicas mútuas, propõe-se uma tributação de 15 a 30% sobre a receita bruta. Nas apostas desportivas à quota e hípicas à quota, o imposto incide sobre o montante total das apostas “a uma taxa que se situa entre os 8 e os 16%, variando em função da receita.

A RGA é a maior associação de empresas da indústria de jogo online.

 

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