Economia portuguesa pode cair mais este ano do que em 1993, diz Vítor Constâncio

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, manifestou-se hoje mais pessimista em relação à evolução da economia portuguesa, indiciando que o Produto Interno Bruto (PIB) pode cair mais que na recessão de 1993.

A visão sobre o andamento da economia portuguesa este ano é "bastante mais pessimista do que a última vez que fiz declarações em público", afirmou o governador, Vítor Constâncio, à margem da conferência de imprensa de apresentação da Central de Responsabilidades de Crédito.

No final de Janeiro, o governador do banco central afirmou que se fizesse previsões naquela altura seriam piores que a projecção de quebra de 0,8 por cento, divulgada a 06 de Janeiro. Dias mais tarde indicou que a quebra andaria à volta de 1 por cento.

Na conferência de hoje, confrontado com a situação actual da economia portuguesa, Constâncio afirmou que o boletim económico de Primavera, cuja divulgação está agendada para 14 de Abril, terá novidades sobre a matéria.

Pouco antes, o governador do Banco de Portugal tinha defendido que os níveis de incumprimento de crédito em Portugal são actualmente metade do registado em 1993, quando, naquele ano, a economia atravessava uma recessão mais ligeira, indiciando assim que a economia pode recuar mais que 1,1 por cento.

Os rácios de incumprimento do crédito em Portugal estão actualmente abaixo dos níveis registados na União Europeia e "muito inferiores aos do início da década de 90", avançou.

O governador precisou que, em 1993, "os rácios de incumprimento eram o dobro do que são hoje e com uma recessão mais suave" do que a actual.

A série longa do Banco de Portugal indica que o Produto Interno Bruto caiu 1,1 por cento naquele ano.

O governador do Banco de Portugal disse ainda que a Europa vai viver este ano "uma recessão significativa" e uma "eventual recuperação no ano que vem". No entanto, a retoma será "relativamente moderada", tendo em conta a natureza da actual recessão,defendeu.

O governador do Banco de Portugal disse hoje que na década de 90, o endividamento das famílias representava 18,5 por cento do rendimento disponível e pagavam juros num montante superior a 6,3 por cento do rendimento disponível.

Em 2008, a dívida das famílias chegou a 120 por cento do rendimento disponível e a factura com juros atingiu 6,5 por cento, segundo números divulgados por Vítor Constâncio.

O aumento do rendimento das famílias, a melhoria da gestão do crédito e o aperfeiçoamento do funcionameto da Central de Responsabilidades de Crédito explicam aquela relação, adiantou o governador do Banco de Portugal.

Sugerir correcção
Comentar