E você? Está satisfeito com o seu emprego?

Em Portugal, 65% dos trabalhadores estão desmotivados e não se sentem envolvidos na actividade da empresa.

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Fraco envolvimento dos trabalhadores nas empresas tem impactos económicos, diz estudo Miguel Madeira

Para 65% dos portugueses, o trabalho não traz satisfação. Desmotivados e distantes dos objectivos da empresa, não sentem qualquer ligação emocional à actividade do negócio, nem estão centrados na criação de valor. Apenas 19% dos trabalhadores sentem o contrário.

O clima económico não ajuda a inverter os dados, divulgados esta semana pela consultora norte-americana Gallup, que entrevistou 230 mil trabalhadores de 142 países, em 2011 e 2012. Mas entre as 19 economias da Europa Ocidental, Portugal até não está mal posicionado. Em média, 66% dos trabalhadores europeus não se sentem ligados à empresa; 14% estão satisfeitos. Já a nível global, apenas 13% dos funcionários questionados se sentem comprometidos com os objectivos do seu empregador.

Os elevados níveis de desemprego na Europa ajudam a explicar os resultados do estudo, intitulado State of the Global Workplace: Employee Engagement Insights for Business Leaders Worldwide. “Os reduzidos níveis de confiança nos mercados de trabalho locais podem levar muitos trabalhadores a continuarem num emprego que não os motiva, em vez de procurarem outras oportunidades”, lê-se no documento.

Em apenas sete dos 19 países europeus o número de trabalhadores comprometidos com o seu emprego ultrapassa o dos que a consultora designa por "activamente distantes”, ou seja, pessoas com uma visão muito negativa e até hostil da empresa. Neste grupo, estão 16% dos inquiridos portugueses; a média entre as economias da Europa Ocidental é de 20%.

“A severidade da crise da dívida e as medidas de austeridade em muitos destes países ajudam a explicar a avaliação que os inquiridos fazem da sua vida”, continua o relatório. Quando questionados sobre a satisfação com a vida em geral – numa escala de zero a dez -, os que se sentem motivados no emprego escolhem pontuações mais elevadas. A nível global, estes trabalhadores têm 1,6 vezes mais possibilidade de sentir que estão a evoluir a nível profissional e pessoal do que os que são “activamente distantes”. Neste ponto, 25% dos portugueses indicam estar num momento de ascensão. Mas 61% sentem dificuldades e 14% dizem mesmo que estão a "sofrer".

Alemanha com um “sério problema de gestão”
A Gallup garante que a insatisfação laboral e o fraco envolvimento dos trabalhadores têm impactos económicos. Nos Estados Unidos, a ténue ligação à empresa custa entre 450 a 550 mil milhões de dólares por ano (entre 331 mil milhões e 405 mil milhões de euros). Na Alemanha, que merece um capítulo autónomo neste estudo, os números rondam os 112 mil milhões e os 138 mil milhões de euros. A consultora diz mesmo que o país de Angela Merkel tem um “sério problema de gestão”, com 61% dos trabalhadores a não se sentirem comprometidos com a empresa.

“As empresas [alemãs] não estão a conseguir criar uma cultura que vá ao encontro das expectativas e necessidades dos seus trabalhadores”, lê-se no relatório. Uma das causas são os critérios usados para promover funcionários e a forma como os gestores (não) motivam e inspiram. “As empresas têm de entender que conseguir o envolvimento dos trabalhadores implica talento e promover pessoas sem competência para gerir prejudica os trabalhadores, as empresas e os lucros”, escreve a Gallup, sedeada em Washington.
 
 

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