Draghi exclui flexibilização do programa de ajustamento português

Presidente do BCE diz que ritmo da consolidação orçamental tem de continuar, mais focado na redução da despesa do que no aumento dos impostos.

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O BCE, liderado por Mario Draghi, defende a flexibilização da protecção do emprego Foto: Daniel Roland/AFP

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), excluiu esta segunda-feira uma atenuação do prazo e das metas do programa de ajustamento português, considerando que, fazê-lo agora, arruinará os benefícios já conseguidos pelos sacrifícios assumidos.

O que é preciso mitigar não é o ritmo da consolidação orçamental, mas os seus efeitos, afirmou, citando como exemplo a focalização do programa na redução das despesas públicas mais do que no aumento dos impostos.

Draghi, que está a participar num debate na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu (UE), respondia a uma pergunta feita pela eurodeputada socialista portuguesa Elisa Ferreira sobre a possibilidade de a troika de credores internacionais adaptar o programa português à deterioração das circunstâncias de um país que seguiu à risca" o seu programa de ajustamento, mas em que a economia se contraiu 3,2% em vez dos 1,8% previstos, o desemprego está perto dos 17% em vez dos cerca de 13% esperados, e em que a recessão na zona euro afecta 70% dos seus mercados exportadores.

Draghi concordou que os programas de ajustamento deverão ser adaptados à situação de cada país, mas deixou claro que essa adaptação não é sinónimo de alteração do ritmo de ajustamento. "Se com 'ajustar às circunstâncias' se quer dizer mitigar a consolidação orçamental, não é isso que queremos dizer. O que queremos dizer é mitigar as consequências. Enfraquecer a consolidação orçamental agora correria o risco de perder os efeitos que muitos dos sacrifícios já estão a permitir", frisou.

Segundo Draghi, "uma resposta" para mitigar os efeitos da consolidação é "focalizar na redução das despesas mais do que nos aumentos de impostos".

 
 
 
 
 

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