Directora do Tesouro que se demitiu pode voltar ao cargo

Elsa Roncon Santos está na lista dos três candidatos ao cargo, cabendo a palavra final a Maria Luís Albuquerque.

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Maria Luís Albuquerque falava em Fevereiro de regresso aos mercados. A situação agora é mais difícil enric vives rubio

Já a polémica dos swaps tinha feito rolar muitas cabeças quando, no início de Julho de 2013, a directora do Tesouro pediu a demissão do cargo. No Parlamento, Elsa Roncon Santos foi curta nas explicações, alegando motivos pessoais.

Cinco meses depois, estava a concorrer de novo ao lugar que pediu para deixar, num concurso público lançado pelo Ministério das Finanças e que foi gerido pela comissão de recrutamento da administração pública. A mesma comissão que agora a colocou na short list de três candidatos, sobre a qual a tutela de Maria Luís Albuquerque terá a palavra final.

Elsa Roncon Santos, que acumulou uma larga experiência no sector empresarial do Estado nas últimas décadas, foi nomeada pela ministra, quando esta ainda era secretária de Estado, em Agosto de 2011.

Dois anos depois, divergências entre ambas ditaram o pedido de demissão da directora-geral do Tesouro, que foi acompanhada no gesto por toda a sua equipa. Equipa essa, aliás, que também concorreu aos lugares abertos em concurso público, mas cujo desfecho ainda não se conhece.

A 31 de Maio, Maria Luís Albuquerque pediu uma auditoria interna à Direcção-Geral do Tesouro e Finanças para apurar, entre outros, que acompanhamento foi dado à contratação de swaps nas empresas públicas. O mesmo despacho seguiu para a Inspecção-Geral de Finanças. Desses dois documentos saiu claro um braço-de-ferro entre as duas entidades.

Aquando da demissão de Elsa Roncon Santos, especulou-se sobre os impactos que estas auditorias teriam tido na sua decisão. O PÚBLICO apurou, porém, que o pedido teve outra origem: o facto de Maria Luís Albuquerque não ter escolhido a directora do Tesouro, sua antiga superior hierárquica na Refer, para a substituir.

Quando Vítor Gaspar deixou o Governo e a actual ministra assumiu o lugar, a Secretaria de Estado do Tesouro foi entregue a Joaquim Pais Jorge. O ex-presidente da Parpública tambem viria, porém, a resistir por pouco tempo. Um mês depois, pediu a demissão por ter estado envolvido em negociações, enquanto quadro do Citi, para vender swaps sobre a dívida pública ao anterior executivo PS, liderado por José Sócrates.

Ainda não se sabe se foi com surpresa ou conhecimento prévio que a notícia da candidatura de Elsa Roncon Santos chegou ao Ministério das Finanças. O facto é que, de um lote de cerca de dez candidatos, a directora demissionária, que continuou em funções tal como a sua equipa, chegou a um dos três primeiros lugares.

A short list, publicada no site da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, foi enviada sexta-feira ao Ministério das Finanças. É a Maria Luís Albuquerque que caberá decidir se quer manter Elsa Roncon Santos no cargo.

 

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