Detenção de Strauss-Kahn acontece num mau momento para a zona euro

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O mandato de Strauss-Kahn termina no final de 2012 Ueslei Marcelino/ Reuters (arquivo)

A detenção do director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, deixa a instituição numa situação desconfortável e acontece num momento particularmente inoportuno para a zona euro, cuja crise este francês se tinha empenhado em ajudar a resolver.

Strauss-Kahn deveria participar na reunião de amanhã do Ecofin (que reúne os ministros da Economia e Finanças da zona euro) em Bruxelas, onde deverão ser aprovados os termos do acordo para a assistência financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal e discutido um novo pacote de ajuda financeira para a Grécia.

Dominique Strauss-Kahn, que ficou hoje preso preventivamente em Nova Iorque acusado de agressão sexual a uma arrumadeira do quarto do hotel de Nova Iorque onde estava alojado, não poderá participar na reunião, mas o FMI já veio dizer que continua “totalmente” operacional.

Numa curta nota publicada na página electrónica da instituição, a sua directora de relações externas diz que “o FMI não tem comentários ao caso” e que todas as questões serão remetidas para os seus advogados pessoais e as autoridades locais”, acrescentando que o Fundo “permanece totalmente funcional e operacional”.

Sem se saber ainda quem representará a instituição na reunião de manhã em Bruxelas, a questão poderá acabar por dominar parte da reunião, pelo menos nos bastidores. Para já, o mais natural é que o primeiro-director-geral adjunto, o norte-americano John Lipsky, assuma interinamente as suas funções.

“O caso é inoportuno para a zona euro”, sublinha um diplomata europeu não identificado ouvido pela agência noticiosa francesa AFP, que lembra o “papel-chave” que teve desde o ano passado nas negociações para salvar o euro e apoiar os países em dificuldades.

Por outro lado, a acusação que Strauss-Kahn agora enfrenta deixa o próprio FMI numa situação delicada, depois de já lhe ter perdoado, em 2008, um caso de um relacionamento com uma subordinada.

Os factos de o seu director-geral é acusado, se forem provados, poderão ser razão para o FMI o demitir das actuais funções, cujo mandato terminava apenas no final de 2012.

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